Bahia

Professores da área da saúde da Uneb decidem paralisação total

Corte do adicional de insalubridade e descaso do governo Rui Costa em resolver o problema aumentam indignação e mobilização da comunidade acadêmica
Murilo Bereta , Salvador | 17/02/2016 às 19:32

A plenária de professores e estudantes do Departamento de Ciências da Vida, do Campus I (DCV-I), realizada na tarde desta terça-feira (16), na Reitoria da Uneb, decidiu por uma agenda de paralisações de todas as atividades dos cursos de saúde, do campus de Salvador. Segundo os manifestantes, que lutam pela reimplantação dos adicionais de insalubridade, cortados de maneira arbitrária, em novembro, pelo governo Rui Costa, o aumento da radicalização foi necessário diante do descaso do governador com o direito trabalhista arrancado dos docentes. Até então estavam paralisadas, desde 28.01, somente as atividades práticas insalubres. As portas do DCV-I estarão fechadas em dias alternados e o protesto será acompanhado de um intenso calendário de mobilizações, que denunciará à sociedade a ação do governo que prejudicou o orçamento de centenas de famílias. A paralisação inclui todo o atendimento de saúde, feito pela Uneb de Salvador, à comunidade nas áreas de enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, entre outras.

A Associação dos Docentes da Uneb (ADUNEB) em defesa da categoria entrou com um Mandado de Segurança contra o governo do Estado. Nesta quinta-feira (18) o corte do adicional de insalubridade também estará na pauta da reunião do Fórum das ADs, que acontecerá em Ilhéus, e compreende representantes das Associações Docentes das quatro Universidades Estaduais da Bahia (Uneb, Uefs, Uesb e Uesc).

Segundo os docentes do DCV, uma comissão de professores tem tentado agendar reunião com a Junta Médica do Estado, órgão responsável pela análise e liberação dos adicionais de insalubridade. Até o momento os representantes do governo não se mostram dispostos ao diálogo.

Dados divulgados pelos professores mostram que, sem uma análise criteriosa e responsável da Secretaria da Administração (Saeb), somente na Uneb, foram cortados 148 adicionais. Nas quatro universidades estaduais o número chega a 846 cortes. Segundo o Movimento Docentes, a luta contra o ataque do governo do Estado será feita de maneira intensa, e realizada a partir da união de toda a comunidade acadêmica. O corte arbitrário da insalubridade foi uma ação, acima de tudo, política do Palácio de Ondina. O governo Rui Costa elegeu os servidores públicos da Bahia como seus principais inimigos. A opção governista é cortar na carne do servidor público, com a retirada de direitos trabalhistas históricos. A meta é engordar os cofres do Estado tendo como fonte de renda o bolso do trabalhador.Inúmeros professores realmente atuam diariamente em situações insalubres e de iminente risco à saúde, a exemplo da manipulação de produtos químicos cancerígenos, risco de contágio com vírus HIV, bactéria da tuberculose, entre outros. A diretoria da ADUNEB afirma ainda que, caso existam irregularidades em alguns processos, os mesmos devem ser analisados e, se comprovado o problema, cortados. Mas, tais situações não podem prejudicar o conjunto dos professores.

Outra decisão da plenária deste dia 16 foi a construção de uma pauta unificada com o Movimento Estudantil do DCV-I, fato que aumentará a união e dará ainda mais força às mobilizações. Até o final desta semana a Comissão de Mobilização divulgará quais serão os primeiros dias de paralisação, que acontecerão já na próxima semana. Os manifestantes consideram real a possibilidade de uma greve por tempo indeterminado.