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Zé de Jesus Barrêto

NO JOGO DAS VIRADAS, BAHIA PERDE PARA O FLAMENGO POR 4X3

Faltaram sorte e defesa organizada do Bahia no final do jogo
20/12/2020 às 12:14
Com um jogador a menos em campo desde o começo, numa partida de sete gols, viradas, catimbas, dramaticidade, o Flamengo conseguiu vencer o Bahia virando o jogo no final, na vontade, na marra, na experiência. Pelo lado Tricolor, não é possível continuar levando gols e gols no início da partida e em abundância. 

  O Flamengo fez 2 x 0 na primeira etapa, mesmo sem Gabigol (expulso aos 9 minutos), Bruno Henrique destroçando a defensiva baiana. No começo da segunda etapa, com  destacada atuação de Ramírez e Gilberto, o Bahia virou, fez 3 x 2 e amassava o Flamengo, que guerreava, catimbava, provocava, ia pra cima. Aos 35, com a entrada de Pedro, veio a virada, a defesa baiana, como sempre, dando mole, entregando. 
  Com o resultado, o Bahia continua com 28 pontos, na boca da zona. O Flamengo foi para 48 pontos, é o vice-líder, cinco atrás do líder São Paulo.  A rodada segue. 
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 Com bola rolando

 - O Flamengo, completo, como gosta o técnico Ceni mantendo a bola no pé, a trocar passes, envolvente; o Bahia reativo, marcando, fechando o meio campo, buscando a velocidade na retomada da bola. Mas nem demorou muito, pra variar...

- Gol ! 1 x 0 Flamengo, aos 4 minutos. Bruno Henrique avançou pela esquerda, a defensiva baiana só cercou, não se aproximou, cortou para o meio e bateu forte, pelo alto, o goleiro Douglas adiantado, bola no ângulo. 

  Desmoronou cedo, como sempre acontece. 

  Aos 9 minutos, Gabigol cai após uma disputa com Gregore na frente da grande área baiana, pede falta e xinga, ofende o juiz... que o expulsa incontinenti. O atleta faz cena, esbraveja, xinga todos e demora para sair de campo.  O time carioca fica com um atleta a menos em campo. De imediato, Mano tira o apoiador Edson e coloca o meia Danielzinho. 

  A expulsão muda as estratégias e a leitura do jogo. Com um jogador a mais em campo, o Bahia passa a jogar mais adiantado, forçando na frente. O Rubro-negro carioca mais fechadinho, agora priorizando a marcação e explorando contragolpes, perigosos sempre, em função da qualidade técnica dos jogadores cariocas, sobretudo o veloz e malandro Bruno Henrique, enfiado no meio da zaga baiana. 

  Aos 21’, Gilberto tabelou com Nino e deixou, com o calcanhar, o lateral de frente, mas o goleiro Diego Alves salvou, espalmando no chão, evitando o empate.  Aos 28’, o pessoal do Bahia reclamou duas bolas nos braços de dois defensores cariocas, na área; a arbitragem ignorou, entendeu como bola na mão. Aos 30’, Gilberto finalizou forte, de perto, Diego Alves defendeu, no reflexo. 

 - Gol ! 2 x 0 Flamengo, aos 33 minutos, Gerson achou Bruno Henrique nas costas de Juninho, em velocidade; ele ganhou no corpo do zagueiro, fácil, e rolou para a finalização de frente, precisa, de Islas.
 É impressionante a fragilidade da defensiva, da zaga tricolor. Levou outro gol bobo quando tinha mais volume e controle do jogo.
 
  Aos 40’, Indio Ramires arrancou pelo meio, achou espaço e bateu de canhota; passou perto da trave carioca.  Aos 41’, novamente Bruno Henrique disparou, levou Juninho no gogó e bateu firme, mas em cima de Douglas, no susto. Aos 47’, após ótima jogada individual de Arrascaeta, Bruno Henrique finalizou livre, de frente, mas errou o alvo, por pouco. 
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 Mesmo com um atleta a menos em campo, o Flamengo foi melhor, teve mais posse de bola, criou chances e definiu: 2 x 0.  Bruno Henrique fez e diferença no gramado, diante da fragilidade e inapetência da defensiva baiana. 
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  Nos vestiários, Mano tirou o meia Ramon e colocou o avante Gabriel, ao lado de Gilberto. Tudo ou nada, calça de veludo ou bumbum de fora.  E fomos pra cima. 

 Logo no primeiro minuto, Nino achou Gabriel de frente pro gol, livre na grande área, mas o atacante ao invés de finalizar tentou rolar pra Gilberto, que cochilava e o zagueiro chegou antes na bola. Chance perdida. 

  - Gol ! 2 x 1, Ramirez, aos 4 minutos, recebendo em profundidade, no meio da zaga, limpando e batendo rasteiro, de canhota, diminuindo.  O Tricolor entrava de novo no jogo.  

  Ao levar o gol, os jogadores do Flamengo, Gerson à frente, criam um tumulto, tentando melar o jogo. “Vamos jogar bola !”, gritava Mano da pista. O meia Gerson, que bateu boca com o colombiano Ramírez, disse que o meia do Bahia o chamou de ‘negro’.  (?) Sentiu como ofensa racial. 

 - Golaço !  2 x 2, Gilberto, de muito longe, acertou o ângulo de Diego Alves. Aos 11 minutos. 

 O jogo ficou aberto, elétrico, brigado. O campeão carioca voltou dos vestiários como se a partida estivesse ganha, decidida. 

 - Gol ! 3 x 2 , Gilberto, testando forte um escanteio cobrado por Rossi, da direita. Subiu mais que a zaga. Aos 14’, o gol da virada. 

  O Flamengo foi todo pra cima, na pressão, precisando reverter o placar. A partida ganhou dramaticidade. Aos 18’, Arrascaeta, nas costas de Juninho, bateu forte e acertou o poste de Douglas. Nada definido. O Tricolor continuou atuando mais próximo da área adversária, mas sem concluir.  
 
  Pedro no ataque dos cariocas; Rodriguinho e Claysson nos lugares de Gilberto e Ramírez, os melhores do Tricolor.  Substituições que só favoreceram o Flamengo, Ceni foi bem mais feliz que Mano. 

  Gol !  3 x 3 , aos 36’. Pedro, de peito, entrando de bola, após cruzamento de Filipe Luiz, que tramou bem com Gerson pelo lado esquerdo, no espaço de Nino Paraíba. 

 Cadê defesa, marcação, goleiro? 

 Aos 38’, duas defesas espetaculares de Diego Alves, após chutes de Rossi e de Rodriguinho, de frente. Salvou o gol do desempate.  

  Gol ! 4 x3 Flamengo, aos 45’, virando e matando o jogo, na vibração. Vitinho, que acabara de entrar, recebeu de calcanhar de Pedro, em tabela na área baiana, a zaga espiando, e ganhou na dividida com Douglas, que demorou de reagir, de sair, abafar o lance.     

 Aos 51’, Capixaba ainda tentou de fora encobrir o goleiro, que espalmou. Foi o último lance. 
  Pontos perdidos, jogando contra uma equipe que estava com um atleta a menos em campo, e deixando virar no final.    
  
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 Observações e destaques 
  
 No Bahia, ótimo jogo Índio Ramírez (jovem colombiano que foi acusado por Gerson, do Flamengo, de ofensa racial), Gilberto com dois golaços, Ramon e Gregore pela briga ...
 E os destaques negativos para a defesa, como sempre. 

 No Flamengo, a despeito de muita marra, de gestos de arrogância também de alguns atletas em campo, no calor da disputa, estupenda atuação do meia Gerson, do avante Bruno Henrique; boas e salvadoras defesa do goleiro Diego, a classe de Everton Ribeiro e Arrascaeta, a força do conjunto, a felicidade de Rogério Ceni nas substituições, fazendo a virada.

  Destaque negativo para Gabigol, que se acha mais do que joga. 
 No mais ... 
 
 - Goleiro sem sorte, mal colocado e sem antevisão dos lances não existe, deve mudar de profissão. 
 - A defesa do Bahia carece de mais inteligência. Aprender a antecipar, dar o bote, cobrir, fazer a linha de impedimento no tempo certo, não recuar...  chegar junto. 

 Nossa defesa é um fiasco.   
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Escalações

- Flamengo (tradicional vermelho e preto): Diego Alves, Isla, Natan, Rodrigo Caio e Filipe Luiz; João Gomes (Diego), Gerson e Everton Ribeiro (Vitinho); Arrascaeta (Pedro), Gabigol e Bruno Henrique. Treinador , Rogério Ceni. 

- Bahia (camiseta branca) : Douglas, Nino, Ernando, Juninho e Capixaba; Gregore, Edson (Danielzinho), Ramon e Indio Ramires (Claysson); Rossi e Gilberto (Rodriguinho). Treinador, Mano Menezes.  
 Arbitragem paulista; no apito, Flávio Rodrigues de Souza. Teve muito trabalho. 
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  Pela rodada 27ª o Bahia fecha o ano na Fonte Nova, domingo, 27; recebe o Internacional de Porto Alegre, às 16h.
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Outros jogos da rodada

 - Sport 1 x 1 Grêmio; Inter 2 x 0 Palmeiras; Coritiba 1 x 2 Botafogo; Vasco 1 x 0 Santos; Bragantino 0 x 1 Athlético PR.    E mais tarde, Fortaleza x Ceará.
Na segunda, Corínthians x Goiás. 
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   Que venha esse verão; traga esperanças e saúde.