Sete pessoas acompanharam o resgate em dois pontos: 3 delas, a 400 metros, e outras 4, a 600 metros de profundidade.
Tasso Franco , Salvador |
25/06/2025 às 08:36
Operação durou 7 horas
Foto: BALIPOST
Após mais de 7 horas de trabalho, agentes da Agência Nacional de Busca e Resgate (Basarnas) da Indonésia conseguiram içar o corpo de Juliana Marins do Monte Rinjani, nesta quarta-feira (25), e levaram para uma base. Parte do trajeto foi filmado por um montanhista que ajudou no resgate.
Os trabalhos começaram por volta de 12h20, horário local, e 1h40 da madrugada no Brasil. A jovem de 26 anos foi encontrada morta nesta terça (24) após cair de uma trilha do segundo maior vulcão na Indonésia.
Três equipes de resgate participaram da ação. Dois dos que foram até o local são do chamado esquadrão Rinjani.
Segundo as autoridades da equipe Assistência de Busca e Salvamento em acidentes e desastres, o resgate começou pela manhã devido ao clima desfavorável e à visibilidade muito limitada.
O corpo será levado ao posto de Sembalun em uma maca. Em seguida, será levado em uma aeronave até o hospital Bayangkara.
Não pude fazer muito, diz montanhista voluntário
Um alpinista que atuou nas operações de resgate compartilhou no Instagram detalhes da busca por Juliana. Após localizar o corpo, ele escreveu:
“Meus sentimentos pela morte da montanhista brasileira. Não pude fazer muito, só consegui ajudar desta forma. Que suas boas ações sejam aceitas por ele. Amém!”, escreveu o guia envolvido na operação de resgate lamentou nas redes sociais.
O montanhista mostrou as condições do terreno, a neblina intensa e variações rápidas de temperatura, que prejudicaram o deslocamento e o acesso à área onde Juliana foi localizada.
As buscas duraram quatro dias. As equipes de resgate enfrentaram dificuldades de acesso ao local, condições meteorológicas adversas, falhas em equipamentos (corda curta para a operação) e relatos desencontrados foram passados à família.
Natural do Rio de Janeiro, Juliana morava em Niterói, na Região Metropolitana. Era formada em publicidade e propaganda pela UFRJ e atuava como dançarina de pole dance.
SOBRE ACIDENTE
A Agência de Busca e Salvamento do país asiático, por sua vez, informou que o corpo da jovem não pôde ser removido do local depois da chegada dos socorristas ao ponto em que estava, quase 600m abaixo da encosta do monte. Por conta disso, as operações precisaram ser encerradas, mas a expectativa é de que possa ser içado hoje.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de Juliana em publicação no X (antigo Twitter). "Recebi com muita tristeza a notícia da morte de Juliana Marins após queda durante trilha no vulcão Rinjani. Nossos serviços diplomáticos e consulares na Indonésia seguirão prestando todo o apoio à sua família neste momento de tanta dor. E quero expressar a minha solidariedade à sua família — solidariedade que, tenho certeza, também é de todo o povo brasileiro", escreveu o presidente. O vice-presidente Geraldo Alckmin também se manifestou no X. "Transmito meus sentimentos e orações aos amigos e familiares de Juliana Marins, que tragicamente perdeu a vida, após um acidente, na Indonésia. Que a alegria de viver de Juliana fique como a lembrança mais forte de sua existência", publicou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se manifestou, assim como o governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) — Juliana era natural de Niterói (RJ). Também se pronunciaram a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), as deputadas Maria do Rosário (PT-RS) e Erika HIlton (PSol-SP), além do deputados Carlos Jordy (PL-RJ, niteroiense como a jovem) e Reginaldo Lopes (PT-MG).
Translado
A princípio, o translado do corpo de Juliana se custeado pela família. O pai da jovem, Manoel Marins Filho, que estava a caminho da Indonésia para acompanhar o resgate da filha, mas ficou retido no Catar, onde o voo em que estava fez escala, por conta do fechamento do espaço aéreo do país em função do ataque iranianos à base militar norte-americana de Al-Udeid. O custo de retorno de um corpo ao Brasil pode ultrapassar os R$ 50 mil, incluindo um esquife especial e mais a documentação necessária, dependendo da distância do pais do qual esteja sendo removido.
O caso, porém, pode não se encerrar com o retorno do corpo de Juliana ao Brasil. Isso porque há suspeitas de que houve negligência das autoridades indonésias em função da demora de resgatá-la. O embaixador brasileiro em Jacarta, George Monteiro, não teria recebido informações fidedignas a partir do acidente com a brasileira. Além disso, a família da jovem considera que houve omissão do guia da excursão em que ela estava, deixado-a para trás — Juliana alegou cansaço para não continuar com o grupo que seguia rumo ao cume do Monte Rinjani. Na descida, ela não foi encontrada, pois caíra por algum motivo ainda não esclarecido ela caiu na ribanceira.