Colunistas / Política
Tasso Franco

AÉCIO foi bem melhor do que DILMA no debate do SBT

Aécio chamou Dilma várias vezes de mentirosa e ela não foi capaz de dar um tranco em Aécio
17/10/2014 às 10:31
   Desta feita, no debate do SBT realizado na tarde desta quinta-feira, 16, em SP, o candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, venceu o embate contra a presidente Dilma Rousseff (PT), a qual ao contrário do que aconteceu no debate da Band, o primeiro do segundo turno, se apresentou com semblante cansado, com raciocínio lento até nos momentos de fazer as perguntas e ficou acuada quase todo o tempo sem conseguir se desvencilhar da carretilha de acusações formuladas por Aécio.
 
   Dilma esteve muito mal e foi, literalmente, nocauetada por Aécio o qual se apresentou mais solto, mais preparado, com raciocínios lógicos e bem organizados centrando o debate no tema mais dramático hoje para o governo, o caso de corrupção na Petrobras e a passividade da presidente em agir para conter o desvio de dinheiro pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso domiciliar com tornozeleira de controle.

  Foi um debate, mais uma vez, de acusações mútuas. Dilma ainda tentou se sair dessa questão dizendo que em seu governo se apura a corrupção e se prende os corruptos, ao contrário do que acontecia no passado, mas, não convenceu. Também citou que Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB, recebia propina no caso Petrobras.

   Aécio estava de tal forma afiado que foi desarmando os argumentos da presidente, um a um, dizendo que os presos do mensalão são ligados ao PT e ao governo inclusive figurões da República. Lembrou ainda o caso da ex-chefe da Casa Civil envolvida também em atos de corrupção.

   O que teria de fato acontecido com Dilma no debate de hoje para se apresentar de forma tão claudicante, derrapando tanto, quando se sabe ou já se viu que, sua melhor performance em debates é justo quando parte para o ataque, fustiga seus adversários? 

   Faltou-lhe, nos parece, argumentos mais sólidos, mais consistentes, e mesmo diante dos casos envolvendo Aécio numa blitz da lei seca e do aeroporto de Cláudio, assunto de conhecimento restrito da população, a presidente não soube arrematar as tréplicas. Saiu-se bem quando disse que "não dirigia embrigada ou drogada", numa alfinetada ao "tucano".

   Dilma deixou Aécio chama-la de mentirosa várias vezes sem uma reação indignada; deixou Aécio classificar seu programa eleitoral como uma infâmia, sem responder a altura; e deixou Aécio cunhar frases bem ao gosto dos mineiros ao dizer que "a senhora tem ofendudo Minas Gerais um estado respeitado nacional e internacionalmente". 

   Talvez, aí, tenha sido o pior momento de Dilma no debate - isso do ponto de vista eleitoral - uma vez que ela ganhou a eleição para Aécio no primeiro turno e Aécio tenta reverter a situação apelando para o nativismo mineiro.
A presidente teve enorme dificuldade em falar sobre os feitos do seu governo e quando o faz não consegue passar para o público uma visão mais clara do que realizou. Isso aconteceu quando perguntada sobre as obras da mobilidade urbana usando termos generalistas ("há obras do metrô em todo o Brasil"; "há obras nos aeroportos") sem dar exemplos mais precisos e que pudessem ser captadas pelos telespectadores. O mesmo aconteceu quando perguntada sobre a segurança pública e a morte de 56.000 brasis/ano e sobre a inflação.

  Os dois candidatos também fizeram acusações mútuas de nepotismo: Dilma acusou Aécio de ter empregado a sua irmã Andrea Neves quando era governador de Minas Gerais (2003-2010), e Aécio disse que o irmão de Dilma, Igor Rousseff, foi empregado na prefeitura de Fernando Pimentel (PT-MG) sem trabalhar. "A diferença é que minha irmã trabalhou muito e não recebeu, enquanto seu irmão recebeu e não trabalhou", disse ele.

   Na abertura e nas considerações finais, Aécio esteve também melhor do que Dilma. 

   * Em tempo: no final a presidente teria sentido uma queda de pressão.