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SONS DE MERCÚRIO LANÇA SEU SEGUNDO ÁLBUM NAS PLATAFORMAS DIGITAIS

Dia 23 de julho
Tatiane Freitas , Salvador | 22/07/2021 às 14:07
Sons de Mercúrio
Foto: Mariana Ayumi

A viagem mística, filosófica e musical do grupo baiano Sons de Mercúrio segue inspirada no segundo trabalho “O Eu Chamado e Outras Jornadas”. Mais do que um novo álbum, o disco fecha um ciclo iniciado em 2019 com “Entre Crendices e Amores Pagãos”, no qual canções se apropriam dos arcanos do tarot para falar da natureza humana, sentimentos pessoais e temas do cotidiano.  E se a estreia rendeu o título de Melhor Disco Baiano do Ano em votação popular no tradicional portal El Cabong, o novo projeto chega com a chancela de ser um dos selecionados pelo “Prêmio das Artes Jorge Portugal 2020 - Premiação Aldir Blanc Bahia”, da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). O lançamento acontece amanhã (23), quando o disco entra em todas as plataformas de streaming pelos Digital Ruffo e Musequal Brasil.


Formado pelo duo Cartre Sans (voz, violão e piano) e Mohzah Nascimento (voz, violão e guitarra), Sons de Mercúrio é como um laboratório musical alquímico que surgiu da ideia de um espetáculo e foi ganhando corpo na parceria dos artistas. O resultado é um som progressivo, quase setentista, mas sem temas psicodélicos e nem solos longos. O psicodelismo aparece na ideia de paisagem sonora, movimentos quebrados e diferentes na mesma música. No meio, acentos de folk, rock, indie, MPB e ritmos ancestrais presentes na World Music. Tudo isso com uma propriedade única que utiliza harmonias vocais (que lembram antigos cantos de rituais) e violões cigano-seresteiros que ecoam o regionalismo brasileiro.


Gravado entre janeiro e maio deste ano no Netuno Estúdio (Feira de Santana-BA), o álbum tem produção musical de Paulo Victor Aragão – PV (também responsável pela captação e mixagem) e de Cartre e Mohzah (que assinam os arranjos), produção executiva de Manuela Borges e Ruffo, e projeto gráfico de Franco Santos, com artes de Cartre Sans. Os episódios audiovisuais que acompanharam o processo contam com a produção de Revson Costa. Leva ainda a masterização do renomado produtor Rodrigo “Funai” Costa, vencedor de quatro Grammys Latinos como engenheiro de gravação com Tulipa Ruiz (“Dancê”), Elza Soares (“Mulher do Fim do Mundo”), Mariana Aydar (“Veia Nordestina”) e Emicida (“Amarelo”), além de um Prêmio Multishow e ter sido engenheiro e responsável técnico residente no Red Bull Studio São Paulo por sete anos.


Pensado para ganhar os palcos assim que a pandemia deixar, o trabalho destaca a amplitude e diversidade em participações especiais como a do cantor e compositor pernambucano Almério (vencedor do Prêmio da Música Brasileira - Revelação 2018 - e indicado ao Grammy Latino 2020 com Mariene de Castro em “Acaso Casa”), do músico e cantor português Jorge Benvinda (concorreu em 2010 ao Globo de Ouro organizado pela SIC/Caras como melhor grupo musical português com Virgem Suta) e dos cantores baianos Joana Terra (vencedora do Prêmio Grão de Música 2020) e Fábio Cascadura (líder por 23 anos do grupo de rock Cascadura, indicada ao prêmio de Melhor Álbum do Ano pelo VMB 2012 – MTV Brasil). “Foi muito especial, cada um contribuiu de forma muito importante, o que elevou ainda mais o patamar do trabalho. Foi incrível”, comemora Cartre.


Conta ainda com as vozes/coro de Ravena Nascimento, Revson Costa, Vênus Lazúli Sampaio, Ariadne Sampaio e Marluce Angélica Sampaio. Na gravação, nomes de músicos como Marcela Cristina Miranda – do Grupo Cultural Wadō (taiko), Elder da Silva (bateria, bongô e ganza), Ivan Souza (baixo), Gilmar Araújo (guitarras), Paulo Victor (guitarras e bandolim), Fábio Kidesh (tampura e sitar), Rogerinho Ferrer (acordeon), Edson Santos (trompete) e Laércio Santiago (trombone). Seis das faixas contaram ainda com a participação do artista, compositor e guitarrista Igor Gnomo.


Assinatura - Todo autoral, “O Eu Chamado e Outras Jornadas” reforça a assinatura sonora do grupo de Feira de Santana. É um trabalho que prima pela harmonia e poesia em uma relação com os arcanos do tarot, simbologias, mitos e mistérios. Nem sempre direta, a intenção é relacionar com a evolução do ser humano e sua natureza. “Para nós, a relação com os arcanos é bem clara no trabalho, mas queríamos que as canções tivessem força para seduzir também as pessoas que não têm conhecimento nenhum de misticismo ou de tarot. A ideia é que elas tenham uma mensagem para além dessa relação com o místico, mas quem não tem, não deixa de captar coisas importantes para si, pois nos expressamos pela poesia”, explica Mohzah.


Ao todo são nove faixas: “Lei do Balanço” (A Temperança), “Ciranda do Diabo” (O Diabo), “A Casa Vai Cair” (A Torre), “Jornada Vésper” (A Estrela), “Carruagem de Prata” (A Lua), “Disco Alado” (O Sol), “Olhos de Chacal” (O Julgamento), “Gênese” (O Mundo) e “Nômade” (O Louco), esta última foi lançada em junho como single. Com elas somadas às 13 composições do álbum de estreia, “O Eu Chamado e Outras Jornadas” e “Entre Crendices e Amores Pagãos” conseguem abarcar os 22 arcanos maiores do tarot de uma forma leve e de interpretações pessoais para cada um.


“O trabalho tem várias vertentes, várias coisas estão acontecendo e já com uma certa mudança em relação ao primeiro disco. Então a pegada do ritmo e a evidência das guitarras foi proposital da nossa parte. Tem toda essa questão do instrumental que é cativante, mas tem a parte de cuidar da construção do ser. A música, além de ser um condutor entre o sólido e o místico, o carnal e o celestial, também trata as feridas de uma sociedade cada vez mais doente. É um olhar mais para si e de se enxergar no outro. Hoje falta muito isso na sociedade”, analisa Cartre Sans.


A cada faixa se percebe que a música não é exatamente a carta do tarot, mas ela tem a energia da carta de uma forma mais ampla. Traz parte dos seus sentidos mais palpáveis, já que uma carta trabalha muitos aspectos. “O disco é como uma continuidade do primeiro e a grande sacada de completar os 22 arcanos é ver que construímos algo de muito concreto. Filosoficamente está completando a jornada do tarô. É uma história de evolução, de percalços, dá para enxergar os lados ocultos dos arcanos, dá para ver o lado bom e ruim deles e como é gratificante fazer essa jornada, o quanto se pode evoluir dentro dessa consciência de cada parte que está ali. Trazendo para o lado pessoal, é consciência que também somos uma partezinha de um todo”, emenda, Mohzah.


O álbum “O Eu Chamado e Outras Jornadas” tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.