Uma missa de ação de graças e um almoço festivo comemoraram nesta terça-feira, 18, os 65 anos de fundação do afoxé Filhos de Gandhy, no Centro Histórico de Salvador. A celebração, recheada de cantos afros e encarrada com a dança ijexá, foi realizada na igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, com a presença da diretoria da entidade carnavalesca, associados e o comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, tenente Walter Menezes.
Durante o culto, celebrado pelo padre Lázaro Muniz, capelão do templo, integrantes do afoxé levaram oferendas (pão, uvas e perfume) até o altar. Chamados a falar para o público presente o vice-presidente Francisco Lima e o “guru” Tio Souza destacaram as características da agremiação, já criada com a proposta de paz, respeito às diferenças e combate à intolerância racial e religiosa. Terminado o ritual foi servido um almoço para associados, imprensa e convidados na sede do bloco.
No carnaval deste ano o Gandhy fará homenagem às nações do candomblé da Bahia: Gege, Angola, Keto, Banto e Ijexá, levando mais uma vez a mensagem de respeito às tradições do povo de santo no Estado.
Estivadores
O afoxé surgiu no dia 18 de fevereiro de 1949, quando estivadores do porto de Salvador, liderados por Durval Marques da Silva (“Vavá Madeira”), Hermes Agostinho dos Santos (“Soldado”), Manoel José dos Santos (“Guarda-Sol”), Almir Passos Fialho (“Mica”) e outros resolveram criar um bloco para desfilar na festa.
Precisaram enfrentar a resistência das autoridades, pois o sindicato da categoria estava sob intervenção do governo. Vavá sugeriu o nome Filhos de Gandi, mas para evitar represálias Mica propôs mudar a grafia do nome Gandi, inserindo as letras “dh” e trocando o “i” por “y”.
A partir de 1951 passou a admitir trabalhadores de outras classes. Nos primeiros anos sairam cantando marchinhas até se dedicar especialmente ao ijexá, compondo também suas próprias canções.
A fantasia é composta por um lençol de 2,20m X 2,00m, costurado nas laterais, com uma abertura na parte superior e uma pintura na parte frontal com o tema do Carnaval. O turbante é feito na cabeça do associado por um artesão(ã), usando uma toalha de banho. Para finalizar é aplicado o broche, de formato redondo com uma pedra azul, lembrando os marajás indianos. Os complementos são um par de sandálias, meias e faixa. Os colares nas cores azul e branco são uma reverência aos orixás Oxalá e Ogum.