Estima-se que o Malê deve levar às ruas 4.000 foliões
CC , Salvador |
17/02/2014 às 15:04
O Malê tem fantasias muito bonitas
Foto: Sidney Rocharte
O bloco Afro Malê Debalê inicia contagem regressiva para entrar na avenida com mais de quatro mil foliões organizados em 15 alas para o desfile de carnaval. Dentre elas, as alas Carlinhos Brown, Copa do Mundo, Pescadores e Legado da Tradição da Bahia em Versos e Prosas. A agremiação é uma das atrações do Carnaval da Cultura 2014 e integra o desfile Ouro Negro junto com outras 100 entidades carnavalescas de matrizes africanas, que contam com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. O Malê sai no sábado (22) e na segunda-feira (24) de carnaval no circuito Osmar.
O penúltimo ensaio para o grande desfile aconteceu no domingo (16) e lotou a sede do grupo em Itapuã. Movido pelo tema “Malê Debalê: 35 Anos Quebrando Paradigmas”, o público sentiu ecoar os ritmos, as cores e as vozes que fazem do Malê um símbolo da cultura da Bahia e do Brasil. A apresentação contou com as presenças de Tatau, Cortejo Afro, Ilê Ayê, Muzenza e Filhos de Gandhi.
A noite elegeu o negro e a negra Malê. Saíram vitoriosos Jedjane Mirtes de Souza, do bairro de Pernambués, e Felipe Chagas dos Santos, do bairro de Itapuã. Também foi revelada a música tema do carnaval do bloco em 2014: a composição “Malê dando olé”, de autoria de Genivaldo Evangelista, Joia Santos e Kátia Show - escolhida entre as 64 inscritas para o festival. No próximo domingo (23), acontece o último ensaio do Malê antes do carnaval e o cantor Lazzo Matumbi já confirmou presença na sede do bloco, em Itapuã.
“São 35 anos quebrando paradigmas. Com este tema a gente conta a história, a problemática e a trajetória do Malê até chegar em 2014. É isto que todos vão ver sábado e segunda na avenida, sem esquecer do Malezinho, que desfila no domingo em Itapuã”, afirma o presidente do bloco, Claudio Araújo, ressaltando que o apoio da Secretaria de Cultura do Estado é “de suma importância para todo mundo ver a força do Ouro Negro”.
“O Carnaval Ouro Negro é, hoje, de vital importância para as entidades baianas de matrizes africanas. Apesar de nosso carnaval ser bastante africanizado, estas agremiações, em especial as médias e pequenas, têm grande dificuldade de obter patrocínios, o que evidencia o preconceito social ainda vigente. Mesmo as grandes e poderosas entidades afro sofrem com isto. O Carnaval Ouro Negro ajuda a garantir a presença fundamental, diversa e bela das entidades negras no carnaval da Bahia”, avalia o secretário de Cultura do Estado, Albino Rubim., também presente no ensaio do Malê no domingo (16).
De acordo com o histórico da agremiação carnavalesca fundada, em 1979, por moradores do bairro de Itapuã, imediações da Lagoa do Abaeté, o nome “Malê” homenageia os Malês: negros muçulmanos, que lutaram contra a escravidão na Bahia. Já o “Debalê”, seria uma criação dos próprios fundadores para traduzir uma conotação de “positividade, felicidade”. Vale ressaltar que o Malê Debalê foi o representante brasileiro do maior festival de jazz dos Estados Unidos - o Festival de Jazz de New Orleans, no ano passado.
Vale registrar que o Carnaval da Cultura é o carnaval da democracia e da diversidade, que leva para as ruas a mistura de ritmos e gêneros musicais e, principalmente, a estética e a arte de diferentes artistas, grupos e entidades culturais da Bahia. São centenas de atrações e shows gratuitos de afoxé, samba, reggae, axé, rock, MPB, fanfarras, teatro de rua, música erudita e muito mais. O Carnaval da Cultura – uma realização da Secretaria da Cultura do Estado da Bahia, por meio do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI). A programação completa está no site www.cultura.ba.gov.br