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CARNAVAL É A ÚNICA FESTA QUE EXPÕE SALVADOR AO BRASIL E AO MUNDO

Começou o Carnaval de Salvador
| 31/01/2008 às 00:05
Um Carnaval que leva uma multidão às ruas de Salvador (Foto/Div)
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  Começa nesta quinta-feira, 31/1, e vai até a próxima quarta-feira, 6/2, a maior festa popular profana do planeta segundo o Guiness Book, o Carnaval de Salvador.
 
   Só perde em número de público para a festa muçulmana religiosa de Meca, e, ao contrário da louvação a Alá reverencia-se a todos os santos, orixás, a bainidade nagô, a sacanagem e tudo mais. Estima-se que Salvador, nesse momento do Momo, tem mais visibilidade nacional e internacional do que todo o resto do ano.

   A rigor, está se transformando na cidade do Carnaval. Fora desse período vive capengando e promovendo eventos esporádicos sem um calendário organizado, com uma economia citadina mambembe e ostentando entre as capitais pesquisadas pelo IBGE o título da pior delas em taxa de desemprego.

   A partir de hoje durante quase sete dias, porque a festa só vai até meio dia da quarta-feira de cinzas, vive-se a eterna disputa entre os blocos de trio e as entidades menores e que enfrentam dificuldades de patrocínos para irem às ruas. Mas, todos acabam indo, mesmo a desorganizada Mudança do Garcia e os blocos e afoxés de bairros periféricos.

   O Carnaval de Salvador sofreu profundas modificações nos últimos 20 anos depois do advento da Música Axé, sucessora da fase trieletrizada de Moraes Moreira, Caetano Veloso e Baby do Brasil, então Baby Consuelo. Tornou-se uma festa mercantilista, sem criatividade, um grande show-bizz com patrocínio de empresas nacionais e internacionais.

   Cresceu mais do que a dimensão da cidade. Engoliu Salvador de tal forma que se tornou um "monstro" indomável e ninguém sabe onde esse modelo vai parar. Faz inclusive escola do mesmo gênero mercantilistas em várias micaretas do país, até mesmo no tradicional Pernambuco.

   Ainda assim, resulta num caldeirão cultural de grande valor apesar da camarotização, adotada pelas grandes estrelas e astros baianos, das cordas, dos seguranças malhados, das discriminações, enfim, de toda essa estrutura que se montou com a ajuda dos governos federal, estadual e municipal, e da iniciativa privada.

   Um Carnaval da elite, um Carnaval de negões, de pobres e ricos, da classe média. Um Carnaval que ainda é de todos apesar de tudo o que se faz com ele.