Mais charmosa do que nos carnavais que passaram e também mais inteligente, desta vez, a cantora Daniela Mercury apresentou seu samba-enredo para o Carnaval de Salvador/2008 e, tentando redimir-se da fantasia de Nega Maluca de 2007, que lhe rendeu patrulhamento de grupos afros, disse que pretende realizar uma festa "de afirmação da negritude e da beleza do povo negro".

  Fez bem e até citou uma homenagem a Milton Santos, geógrafo de notório saber, e que tem muitos estudos no Brasil sobre etnia, geopolítica e outros temas. Essa será a postura da cantora no trio e no seu triato (mistura de trio com plataforma de teatro ou show-bizz) homenageando o povo baiano majoritariamente mestiço, ela que tem inúmeros serviços prestados a Bahia.

  Agora, não se pode negar que seu camarote na Barra é um gueto da elite baiana e brasileira regrado a muito uisque e bifês variados e que não tem nada a ver com a afirmação da negritude ou coisa parecida. Pelo contrário, além de ser um espaço da elite mais refinada foi esse enredo de folia que contaminou o Caranval de Salvador com esse modelo camarotizado.

  Em 2007, quem entrou com uma representação contra Daniela Mercury foi o atual coordenador da Secretaria de Turismo do Estado da área de turismo étnico, Billy Arquimimo, que não gostou do esterótipo usado por Daniela no Carnaval com sua Nega Maluca.

  Embora a Nega Maluca seja um personagem do folclore nacional, Billy ficou revoltado e levou o caso ao fórum da justiça dos Movimentos Negros Organizados.

  Este ano Daniela apareceu a moda européia de luvas e botas. Aprendeu a lição.