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ENTIDADES DENUNCIAM QUE FALTOU CRITÉRIO NA DISTRIBUIÇÃO DE R$3 MILHÕES

Muitas entidades estão protestando pela falta de critérios
| 21/12/2007 às 14:02
O Filhos de Gandhy vende fantasias, recebe apoio de empresas e levou R$100 mil (Foto/Div)
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  Algumas entidades carnavalescas que participam do projeto da Secretaria de Cultura do Estado que beneficiam grupos euro-indo-afro-descendentes, com matrilínea afro, estão protestando e querendo saber qual o critério que a Secult adotou para distribuir a verba de R$3 milhões entre as entidades.

  Entidades que têm patrocínios de empresas privadas, da lei Rouanet e vendem indumentárias carnavalescas receberam R$100 mil cada uma delas, casos do Filhos de Gandhy, Ilê Aiyê e Olodum, e entidades pequenas, representativas das culturas dos bairros, sem apoio de nada, receberam R$15 mil cada uma delas.

  Ao todo foram beneficiadas 108 entidades e o presidente da Malcom X, Alcindo da Anunciação, diz que os critérios foram falhos e a entidade que preside não irá receber os R$15.000,00 do Estado. "Os critérios não estão explícitos nem no Diário Oficial e isso preocupa as entidades que querem mais transparência e justiça", diz.

  Para o secretário da Cultura, Márcio Meireles, houve uma reunião com as entidades e elas que decidiram os critérios. Diz o secretário que estão sendo beneficiadas as entidades de matriz africana que não têm patrocínios de empresas privadas e apoios de vendas de fantasias.

   A rigor, não foi bem assim. Pois, entidades como grupos de samba Alerta Geral e Amor e Paixão que nada têm de matriz africana e ainda vendem suas camisas e chapéus, desfilando apenas 1 dia do Carnaval, foram contemplados, cada um deles, com R$60 mil.

  CONTRADIÇÕES

  A rigor, segundo depoimentos de diretores de entidades ao Bahia Já três foram os critérios estabelecidos pelas entidades: primeiro, entidades de raiz que não vendem abadás; segundo, tempo de carnavais, ou quantidade de anos que já desfilou; e terceiro, entidades que usam adereços e fantasias.

  Mas, segundo essas mesmas fontes, a Secult descumpriu o acordo e colocou um item suspeito, de notória visibiliadade internacional, fazendo com que, os grandes fossem beneficiados em detrimento dos pequenos.

   Assim, grupos como o Alabê, 27 carnavais foi contemplado com R$35 mil; enquanto o 100 Censura que, às vezes desfila; outra vezes não desfila levou R$90 mil. Há também grupos, como o Cortejo Afro que têm patrocínos externos (da iniciativa privada) e receberam R$90 mil, enquanto um grupo de tradição como o Ibeji foi contemplado com apenas R$15 mil.

   O assunto está dando panos pra manga entre diretores de entidades.

  Como já está se aproximando do Carnaval e o Coletivo das Entidades Negras (CEN) está sem prestígio desde que se envolveu com a aplicação de verbas não contabilizadas no Carnaval deste ano, e o Fórum das Entidades Negras representa a elite, as entidades pequenas estão colocando a boca no trombone.