Shows

BISPO SUL-AFRICANO DESMOND TUTU DIZ QUE NÃO VIU APARTHEID NA FOLIA

Declarações do bispo não combinam com as dos líderes negros-mestiços baianos.
| 21/02/2007 às 12:28
Bispo anglicano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz em 1984 (Foto/Google)
Foto:
O bispo angilano Desmond Tutu, um dos símbolos da luta contra o apartheid na África do Sul, país que foi colonizado pelos holandeses e palco de uma das mais discriminatórias sociedades da história, afirmou em Salvador que não viu um apartheid na folia baiana. Ao acompanhar o desfile do bloco comandado por Márcio Vitor, um negro que é cantor da Banda Psirico, Tutu destacou que "todos brincam juntos" numa alusão às diferenças que existiam em seu país de origem.
Desmond Tutu nasceu em Klerksdorp, no Transval da África do Sul e se destacou como sacerdote formado em teologia na Inglaterra (1967/1972) na luta pelos direitos humanos em seu país e em defesa das igualdades raciais. Foi agraciado pela Academia Sueca com o prêmio Nobel da Paz, em 1984, e já esteve em Salvador três vezes. Agora, no Carnaval 2007, a convite do ministro Gilberto Gil, Tutu ficou encantado com a diversidade cultural da cidade e destacou que "as pessoas podem estar juntas pela cultura".
Já o ministro Gil destacou que também não via esse apartheid tão comentado pelas lideranças negro-mestiças da Bahia e vê na cultura e no Carnaval "todos se tornando um". Gil também salientou o papel desempenhado por Desmond Tutu no processo de libertação não só da África do Sul, mas de vários países da África, "e foi muito importante seu papel para os movimentos negros no Brasil".
Os dois (Gil e Tutu) são amigos de longa data e o compositor baiano cantou uma música em que homenageia Tutu, a qual, o sulafricano não conhecia embora esteja no repertório de Gil desde a década de 1980.