Filhinha na verdade se chama Neném. Ela recebeu a visita do dono, que foi solto e autorizou a adoção
Danilo Meireles/Gazeta , Vitória |
09/10/2013 às 14:52
Homem foi preso por furtar um carrinho de mão e a cadela o acompanhou a delegacia
Foto: Gazeta de Vitória
Ao saber pelo advogado que Neném, como ela realmente se chama, foi atropelada e que passou por uma cirurgia, o pintor procurou a Rede Gazeta para ajudar a reencontrar a cadela, que vive com ele há quatro meses e é bastante carinhosa e companheira. “Ela é calma, mimosa. Vai comigo para todos os lugares. E quando passa alguém por nós ela late, brincando. É muito companheira. É como diz o ditado: o cão é o melhor amigo do homem. E ela é a minha melhor amiga”.
Nos quatro dias em que permaneceu preso, a única preocupação era com a verdadeira companheira, que havia ficado para trás. “Eu só conseguia pensar nela. Pensava por onde ela poderia estar andando, com quem ela estaria, se estava bem”, desabafa o pintor em poucas palavras.
Veja o momento do reencontro:
*Edição e imagem: Danilo R Meirelles
Vida de cão
Mas por não ter condições financeiras para cuidar da Neném, que se recupera de uma cirurgia após um atropelamento próximo ao DPJ, Eduardo decidiu deixá-la com uma nova família, que se interessou em cuidar do animal. A cadela será adotada pelo médico Pedro Dettogni. E já há um consentimento prévio do primeiro dono para que Neném ganhe uma nova família, principalmente pela falta de condições financeiras para os cuidados.
O pintor informou que mora em uma casa alugada no bairro Maruípe, em Vitória, e que trabalha em uma oficina próxima ao Sambão do Povo. Mas também já foi morador de rua. E Neném estava acostumada a andar com ele para todos os lugares. Só que após prisões anteriores, Eduardo teve um momento de fraqueza, como ele classifica, e pulou um muro para roubar um carrinho de mão.
A família de Eduardo vive em uma casa simples, de poucos cômodos. Dos quatro adultos que moram na casa, três estão desempregados. A condição financeira da família é um dos motivos pelos quais os parentes não puderam pagar a fiança. Eles não têm muito contato, e se veem apenas quando Eduardo aparece para jantar com os familiares.
Nos últimos quatro dias, ele dividiu uma cela com outros 16 presos, no Centro de Triagem de Viana, lugar por onde já foi levado em outras ocasiões por roubo. “Já fui preso outras vezes. E quando estou bem perto de conseguir o meu alvará, cometo esse fracasso de roubar um carrinho”, desabafa. Ele não tem filhos, tem pouco contato com a família e vive com a cadelinha Neném, sua única companheira.
Mas pelo bem do animal, ele não vê problema na doação. “Se for uma pessoa do bem, que tenha condições de cuidar bem dela. Se ele gostou dela e quiser mesmo ficar com ela, não tem problema”, disse.
Repouso
Devido ao atropelamento, Neném precisou passar por uma cirurgia na “cabeça” do fêmur, para recolocar o osso no lugar certo. Ela provavelmente ficará mancando, mas está reagindo bem à operação, principalmente após a injeção de ânimo provocada pela visita de Eduardo, explica a veterinária Sirlene de Souza. “Foi emocionante a reação dela. A gente percebe que ela ficou muito feliz. Já levantou sem sentir dor e ficou toda empolgada”.
Agora a cadela permanece na clínica veterinária por um período de dez dias para repousar e se recuperar da cirurgia, tomando a medicação necessária. Mas a veterinária garantiu ao pintor que a nova família interessada na adoção de Neném já está cuidando muito bem do animal. “Pode ter certeza disso. A pessoa que resgatou a cadela é muito boa, está cuidando muito bem dela e está muito interessada”, conclui.