Vai ser na sexta
Murilo Bereta , Salvador |
29/08/2013 às 22:33
A Uneb paralisa as atividades acadêmicas, com portões fechados, nesta sexta-feira, 30 de agosto. A ação faz parte do Dia Nacional de Paralisações, que reivindica soluções para várias demandas da classe trabalhadora. Além da pauta nacional, os professores da Uneb também protestam contra o descaso do governo estadual com a Educação Pública Superior da Bahia. Por meio de contingenciamento orçamentário a universidade passa por problemas que abrangem desde a falta de materiais didáticos até o déficit no quadro de docentes. Entre as ações de mobilização dos docentes da Uneb, de Salvador, estão previstas fixação de faixas; panfletagem, às 7h, no portão da Uneb; e participação em Atos Públicos, que são organizados pelas centrais sindicais. Cada Campus do interior fará sua própria atividade de reivindicação.
A mobilização nacional, convocada por oito centrais sindicais e o ANDES-SN, possui uma pauta com 17 reivindicações, entre elas a melhoria da qualidade e diminuição do preço dos transportes coletivos; 10% do PIB para a educação pública; 10% do orçamento para a saúde pública; fim dos leilões das reservas de petróleo; fim do fator previdenciário e aumento do valor das aposentadorias; redução da jornada de trabalho; contra o PL 4330, que incentiva terceirizações e leva à precarização do trabalho; reforma agrária e salário igual para trabalho igual, independente do gênero.
Com relação à pauta interna da Uneb, os professores denunciam o estrangulamento orçamentário que precariza a universidade e prejudica as atividades acadêmicas: falta dinheiro para ensino, pesquisa e extensão. Ainda mais graves são as ações do governo em não honrar com a efetivação dos pagamentos efetuados pela universidade, o que causa constrangimento e a interrupção de vários serviços. “A universidade está sucateada, com infraestrutura inadequada, faltam equipamentos nos laboratórios, ocorrem constantes atrasos nos pagamentos de bolsas, dos serviços terceirizados e fornecedores, déficit no quadro de vagas docente, dentre outros problemas”, alerta a professora Sinoélia Pessoa, diretora da Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia (ADUNEB).
Apenas para sanar o caos na infraestrutura dos cursos em funcionamento na Uneb seriam necessários mais de R$ 200 milhões. A informação foi divulgada pela reitoria, em 14.08, na reunião do Conselho Universitário. Enquanto isso, o governo do estado, em 15.08, por meio do decreto 14.701/13, impôs mais um corte financeiro, que terá impacto nas universidades estaduais. O documento, de maneira ambígua, ao mesmo tempo em que afirma que a nova norma não atinge a educação, exige, entre outros pontos, a contenção de despesas e de viagens para qualificação profissional.
Diante das inúmeras dificuldades enfrentadas pala Uneb e pelas demais universidades estaduais da Bahia, uma das bandeiras de luta de toda a comunidade acadêmica, que inclui professores, estudantes, gestores e técnico-administrativos é o repasse de, no mínimo, 7% da Receita Líquida de Impostos (RLI) para suprir as demandas da universidade. Entretanto, o governo Jaques Wagner, que entende a educação como gasto e não como investimento, já sinalizou que o repasse orçamentário, para 2014, será de 4,85% da RLI, porcentagem igual à destinada este ano.
Segundo os professores, caso o governo continue a agir com descaso, a paralisação de 30 de agosto será apenas a primeira de muitas ações de mobilização que poderão acontecer em todo o Estado da Bahia. O Movimento Docente continuará a luta pela consolidação de uma universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.