As investigações revelaram o envolvimento de João e Paulo Roberto com o tráfico de entorpecentes no Amazonas
Tasso Franco , da redação em Salvador |
15/07/2013 às 17:08
"Cachorrão", "Caquito" e "Gugu" apresentados pela Policia
Foto: Jorge Cordeiro
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) apresentou, na manhã desta segunda-feira (15), em seu auditório, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), os traficantes Augusto Santos Vilas Boas, o “Gugu”, 20 anos, Cleibson Barreto Oliveira, o “Caquito”, 20, e Frederik Henry, o “Cachorrão”, 42, envolvidos nos homicídios de João Solidade da Silva, 34 anos, e Paulo Roberto Carvalho Lima, 53, assassinados a tiros, no dia 8 de maio, por volta do meio-dia, na Praça da Piedade.
“A elucidação dos delitos é resultado de um incansável trabalho da Polícia Civil, que, num período de apenas 60 dias de investigação, conseguiu apresentar à sociedade a prisão de três criminosos de alta periculosidade”, ressaltou o secretário Maurício Teles Barbosa, que, acompanhado do delegado-geral da Polícia Civil, Hélio Jorge Paixão, conduziu a coletiva de imprensa.
Barbosa lembrou ainda estar buscando, em parceria com o sistema prisional, isolar as áreas onde os internos estão acolhidos, para que aparelhos de telefonia celular ali não funcionem. “Além disso, criamos um Núcleo de Inteligência, com o objetivo de investigar mais detalhadamente estes bandidos, disponibilizando policiais civis e militares para atuarem nas unidades prisionais onde eles estão custodiados”. Acrescentou que, para os casos mais graves, “iremos tentar transferi-los para presídios de segurança máxima”.
As investigações revelaram o envolvimento de João e Paulo Roberto com o tráfico de entorpecentes no Amazonas, como fornecedores de drogas ao grupo integrado por Gugu, Caquito e Cachorrão. “A dupla estava em Salvador, pressionando a quadrilha para receber o pagamento da entrega da última remessa”, explicou Hélio Jorge. Os delegados Jorge Figueiredo, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e Iracema de Jesus, diretora do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), também participaram da coletiva.
“VAL BANDEIRA”
Joseval Bandeira, o “Val Bandeira”, apontado como mandante do crime, liderava o tráfico no Nordeste de Amaralina, e está custodiado na Unidade Especial Disciplinar (UED), no Complexo da Mata Escura. Comparsas de Val Bandeira, Adimílson Silva de Jesus, o “Missinho” ou “Rato”, 42, Raimundo de Oliveira Moreira, o “Duda”, 50, e Deivides Jesus Pimentel dos Santos, o “Galo”, 26, todos custodiados no Complexo da Mata Escura, também têm envolvimento no duplo homicídio.
João e Paulo Roberto teriam negociado 500 quilos de crack, com a quadrilha de Val Bandeira, que decidiu não pagar e ordenou a execução dos dois. Segundo o diretor do DHPP, a droga está avaliada em R$ 800 mil e renderia ao bando cerca de R$ 2,5 milhões, depois da revenda. “Toda a operação foi feita do presídio por meio de aparelhos celulares”, revelou.
CRIME
Gugu matou João Solidade com dois tiros na face e Caquito baleou Paulo Roberto com um tiro na cabeça. Já o paulista Cachorrão, bacharel em Direito e, segundo ele, com registro na OAB, facilitou a fuga dos assassinos, num Fiat Punto branco roubado, que ficou estacionado na região do Dois de Julho, próximo a um hotel.
Gugu, já preso pelo assassinato de uma mulher na porta do MaxCenter (Itaigara), aparece caminhando pela rua da Forca, nas imagens gravadas pelo circuito de segurança de um estabelecimento comercial instalado na região, logo após o crime na Piedade, usando o mesmo tênis apreendido em sua casa, no Engenho Velho da Federação.
Caquito, que também aparece correndo nas imagens coletadas pela polícia, foi preso em casa, na Fazenda Grande, e Cachorrão, na Liberdade. Ambos portavam pedras de crack e foram autuados em flagrante por tráfico. Um quarto envolvido, identificado como Dênisson Porto dos Santos, o “Piu-Piu”, 22, está sendo procurado. Ele estava no local para prestar apoio a dupla e conferir se o serviço seria executado com sucesso.
PAGAMENTO
Gugu, Caquito e Piu-Piu receberiam R$ 2 mil cada pelas mortes e Cachorrão R$ 700. “As armas utilizadas no duplo homicídio foram recuperadas pela polícia e encaminhadas para exame de microcomparação balística, no Departamento de Polícia Técnica (DPT)”, explicou Jorge Figueiredo.
Presos ao longo da semana, todos confessaram a participação nos crimes e já estavam com as prisões preventivas decretadas por meio de mandados expedidos no Plantão Judiciário. Agora, a polícia acredita que irá elucidar outros delitos praticados pela quadrilha.