As ciclovias estão sendo reduzidas de 217km para 86km
Hendrick Aquino , da redação em Salvador |
12/05/2013 às 15:22
É um salve-se quem puder na Estrada do Coco para quem usa bicicletas
Foto: HA
Até 2011 o Governo do Estado da Bahia dizia pretender implementar 217km de sistema cicloviário para os municípios de Salvador e Lauro de Freitas até a Copa de 2014. Matéria publicada em jornal de grande circulação e que fazia menção ao compromisso, foi incluída no Portal Copa 2014, associando a obra com os avanços relacionados a Copa.
Hoje, faltando menos de 400 dias para a Copa, tem priorizado a publicidade de mega-construções como a recém inaugurada Fonte Nova, a Ponte Salvador-Itaparica e a construção de viadutos na Avenida Paralela.
Os investimentos são bilionários, quanto ao Cidade Bicicleta, que boa parte da sociedade sequer sabe que está pronto, antes mesmo de sair do papel está sendo reduzido de 217km para apenas 86km (39,6% do total) até a Copa de 2014, recuo que lembra o ocorrido com o Metrô de Salvador porém, com orçamentos e prioridades bem diferentes, embora ambos estejam relacionados a grave questão da mobilidade urbana, na terceira mais populosa cidade do país.
“Pior que reduzir o percurso, foi saber que a área que escolheram para executar o projeto, desconsidera o público que mais seria beneficiado. O trabalhador ”, reclama o designer Hendrik Aquino, referindo-se ao trecho no entorno da Fonte Nova como o definido para receber o projeto e citando a Estrada do Coco e o Centro de Lauro de Freitas como exemplos de locais onde existe uma circulação muito maior de bicicletas. Ainda segundo Aquino, “Se o projeto não será executado na íntegra porque não começar por onde onde existe quantidade maior de usuários correndo risco?”, desabafa.
Segundo a CONDER, que realizou pesquisa com mais de 4 mil pessoas, o trabalho está em primeiro lugar, com 66%, como principal motivação para o uso da bicicleta. Muito abaixo está o lazer, com apenas 19%. Quando perguntados sobre as características do percurso, 80% dos entrevistados consideram o tráfego perigoso. Além destes, a opção de local escolhida para iniciar a execução do projeto, parece ter desconsiderado também outros dados revelados pela pesquisa da Conder a exemplo do quesito “renda”, onde 48% responderam ganhar até um salário mínimo, o que define, com maior clareza, o perfil do principal usuário da bicicleta como transporte.