É crítica a situação do Hospital de Custódia e Tratamento (HCT), também conhecido como Manicômio Judiciário, localizado na Baixa do Fiscal, na Cidade Baixa. O estabelecimento quase foi destruído por uma rebelião, na manhã da última segunda-feira, 8, exigindo melhores condições para a internação. Nova revolta foi promovida na tarde desta quarta-feira, 10, exigindo a presença do Corpo de Bombeiros para apagar o incêndio.
Os funcionários estão apavorados. Segundo eles, os pacientes depredaram os departamentos médico e de enfermagem, quatro dos cinco postos de enfermagem, o gabinete odontológico, salas de aula e ainda incendiaram o almoxarifado, mas antes se apoderaram de todas as ferramentas lá existentes, passando a usá-las como armas e assustando os próprios colegas, além dos empregados.
Durante o movimento fizeram dois presos reféns, amarrando-os a colchões e ameaçando tocar fogo. Um deles foi ferido levemente. Com a chegada da Polícia Militar os dois foram libertados e o clima se acalmou um pouco. Mas os policiais não entraram nas instalações do HCT para revistar e desamar os revoltosos.
Depois do vandalismo três (B, C e D) das cinco alas ficaram desativadas, juntando-se à E (feminina), que está interditada desde o ano passado, depois de outra rebelião, quando as presos colocaram fogo nos colchões.
O superintendente de Gestão Prisional, coronel Paulo César Oliveira Reis, e o diretor do manicômio, Paulo Barreto, prometeram iniciar as reformas no prédio somente daqui a dois meses.
Os funcionários, porém, especialmente auxiliares e técnicos de enfermagem, dizem não ter condições para trabalhar, não só pela situação física da instituição como também pela total falta de segurança. Eles enviaram um comunicado ao Conselho Regional de Enfermagem da Bahia, informando sua disposição de não retornar às atividades e vão pedir providências ao Ministério Público Estadual.
Na verdade, o hospital funciona precariamente desde as administrações carlistas. Com 176 internos, ao todo, mas capacidade para 150, o HCT pode ser comparado com um depósito para animais: sujeira, mau cheiro, carência de pessoal, inexistência de política terapêutica e até falta de medicamentos em algumas épocas.