Avenida Sete hoje é o ponto preferido da classe C emergente e das camadas mais pobres para às compras do Natal
Tasso Franco , da redação em Salvador |
20/12/2012 às 15:58
Banca dos cintos dourados a coqueluche do Natal
Foto: BJÁ
Às ompras de presentes do Natal na Avenida Sete de Setembro, centro de Salvador, comparecem diariamente centenas de pessoas e se transforma numa festa, na celebração de duas das camadas sociais da cidade, as classes D e C emergentes e todos acabam levando um presente para seus familiares. Vende-se de tudo entre os trechos que vão das Mercês à Ladeira do São Bento, até a boca da Praça Castro Alves.
Imagine um produto que você queira comprar que tem. Um cadeado do amor, tem; um sutiã GG, tem; uma capa para alofada, tem; cueca de R$2,00, tem; papel de parede de vários modelos, tem; um espelhoi, tem; calcinha 7 unidades por apenas 10 reais, tem; sandálias baixas entre R$3,00 a R$10,00 em variados modelos, tem; CD e DVs de todos os artistas, tem; incenso, tem; flores de plástico, tem. É impressionante: tem de tudo.
Claro: venda informal, rápiada, dinheiro vivo, na base do toma lá; dá cá. Neste Natal, segundo os camelôs mais experientes, 4 são os produtos mais vendidos: o CD de Roberto Carlos, "Esse cara sou eu", da novela Salve Jorge; cintos dourados para mulheres que variam de formato e textura, entre R$3,00 e R$10,00 a unidade; flores de sambambaia artificial e/ou pimenteira verde e vermelha, cada uma R$15,00; e os produtos semieletrônicos Made In Chine que vão desde papagaios faladores a papais-noeis e trenas que falam.
Os preços dos produtos de uma forma geral se situam entre as faixas de R$5,00 a R$20,00 isso os artigos que são vendidos ex-lojas, nas ruas. Claro que você pode entrar numa loja de eletrodoméstico e comprar uma geladeira, cujo preço pode estar acima de R$1.000,00. Mas isso é quase uma exceção na Avenida Sete, pois, as pessoas comprar e muito é no camelô.
E eles estão espalhados nas calçadas entre as Mercês e o Convento de São Bento não escapando os gradis do Instituto Geográfico e Histórico que servem de vitrines para roupas, sapatos e todo tipo de quimquilharia. A presidente do IGHB admite que só fala falar agora com o baba para resolver essa questão. O Relógio de São Pedro e o monumento a Rio Branco estão ocupados pelos ambulantes.
A situação chega a tal ponto que obriga muita gente a transitar pela rua, alguns trechos do asfalta já ocupados por vendedores de frutas e até caminhonetes que vendem abacais de Itaberaba e umbu de Barrinha.
Dona Altamira Fonseca comprou um papagaio Made In China para dar de presente a neta. Pagou R$15,00 ao ambulante Diego e saiu satisfeitíssima. "Minha netinha vai adorar", disse ao BJÁ tomando emprestado R$2,00 do nosso repórter para pegar o ônibus.
As tendas repletas de cintos dourados finos são a coqueluche. Tem mais de 10 modelitos diferentes com preços que variam entre R$3,00 e R$8,00. As irmãs Bárbara e Shirlei se divertiam numa banca próxima a Praça da Piedade e levaram 4 cintos por R$10,00.
A convivência e o andar nesse trecho da cidade, infelizmente sem policiamento e sem a presença da Guarda Municipal, requer cuidados para não pisar em buracos e torcer o pé, pois em muitos trechos as pedras portuguesas estão soltas, o que é lamental. A limpeza fica a desejar e come-se e bebe-se tudo no meio da rua, às vezes jogando os restos no chão.
Ninguém quer perder tempo e quase todos os ambulantes têm suas marmitas. Entre as Mercês e a Praça da Piedade ainda anda-se razoavelmente nos passeios, mas entre a Piedade e a Ladeira do São Bento é um salve-se quem puder. É praticamente um engarrafamento de pessoas.
A Avenida Sete que já foi a preferida da classe média alta de Salvador, até que chegaram os shoppings a partir dos anos 1970, se tornou a rua da classe C, dos emergentes da D e que passaram a ser classe média baixa, das pessoas mais pobres e só. Não se vê mais ninguém da classe A/B (média alta) o que fez com que, a Avenida desbancasse a Baixa dos Sapateiros, e seja o ponto mais disputado das vendas.
Enquanto a Baixa dos Sapateiros, a Rua Chile e o entorno da Sé passam por decadência na atração de público, a Avenida Sete e suas transversais, trecho da Carlos Gomes, a Joana Angélica, Nova de São Bento e outras vivem abarrotadas de gente. Gente que compra, em média, R$100,00 (no máximo) mas paga a vista, pechinha e faz a feira e a festa.