A parceria firmada no ano passado entre a Arena Fonte Nova e o Projeto Axé, com sede no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador (CHS) permitirá a reutilização dos uniformes dos operários em nova finalidade.
Em vez de serem jogadas no lixo após três meses de uso, as roupas serão transformadas em aproximadamente 20 tipos de produtos utilitários, como jogos americanos, porta-vinho, porta-copos, nécessaires, bolsas, mochilas e porta-celular, todos com estampas do projeto social.
No início, os fardamentos foram fornecidos pela Arena para a unidade pedagógica de arte-educação da ONG, mas como sobraram algumas peças, a estilista baiana Luciana Galeão, responsável pelo Projeto Axé Design, teve a ideia de aproveitar o material para produzir arte.
Segundo ela, o uniforme é desmontado e estampado no estabelecimento e depois enviado às empresas terceirizadas para a montagem dos produtos: “Nós já realizamos desfiles com os produtos no Sarau du Brown e na Expo Bahia, este ano, com o objetivo principal de divulgar a arte e design locais, por isso vendemos criações de artistas como Carol Farias e Humberto Gonzaga, que são transformadas, pelas mãos dos meninos e meninas do Axé, em coisas lindíssimas. Vale lembrar que toda a renda que nós temos é revertida para o Projeto”, diz.
Turistas e baianos vão à loja do Axé e se encantam com artigos que exibem características regionais, mas sem apresentar o estereótipo folclórico. “A receptividade foi muito boa e nós já estamos pensando em fazer uma linha de roupas com o material”, garante Luciana.
Os uniformes são usados por 60 a 90 dias, e cada um dos cerca de 3 mil funcionários recebe duas peças por vez. Além de serem vendidos na loja do Axé, no Pelourinho, os produtos originados dos fardamentos dos operários são comercializados, também, no Centro de Visitação da Arena. “A ideia de reutilizar fardamentos está em consonância com as metas de sustentabilidade ambiental adotadas pela Arena Fonte Nova. Esperamos com esta parceria estimular outras empresas a participar desta ação”, comenta Frederico Gonçalves, gerente de Sustentabilidade da Arena Fonte Nova.
A expectativa de Frederico Gonçalves já foi alcançada. De acordo com Luciana Galeão, a iniciativa gerou outras parcerias e atualmente uniformes da Odebrecht, Braskem e Ademi também são recebidos pela ONG. As peças confeccionadas a partir deles são hoje responsáveis por cerca de 60% do faturamento da boutique.
Projeto Axé
Fundado em 1990 pelo ítalo-brasileiro Cesare de Florio La Rocca, o Axé é uma ONG que atua na área da educação, arte-educação e defesa de direitos de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social. O processo é iniciado com a Educação de Rua, estabelecendo vínculos e estimulando crianças e adolescentes a saírem de uma situação precária para ingressar nas Unidades Educativas, espaços pedagógicos onde são realizadas atividades lúdicas, artísticas e culturais, baseadas nos princípios da ética e dos Direitos Humanos.