Ao som dos berimbaus, pandeiros e atabaques cerca de mil capoeiristas de Lauro de Freitas transformaram, neste sábado (21), o chão da Avenida são Cristovão, na Itinga, num tapete branco para comemorar o aniversário de 50 anos de emancipação politica da cidade. "Lauro de Freitas é a nossa casa, o lugar onde vivemos merece a nossa gratidão", celebra Mestre Sérgio, dirigente da Associação de Capoeira Filhos da Bahia, a maior da cidade com cerca de dois mil participantes.
A ginga da dança secular, trazida para o Brasil pelos escravos, contagiou a todos. Por onde o cortejo passava uma janela se abria para saudar uma das manifestações populares mais antigas do país. "A nossa cultura esta manifestada aqui, esse é o som da nossa cidade. Enquanto educadores nós percebemos a importância da capoeira para a nossa sociedade, temos disponibilizado aulas nas escolas, através do Programa Escola Aberta, onde qualquer pessoa pode participar", informa a secretaria Municipal de Educação, Sueli Calixto.
Para a secretaria de Assistência Social e Cidadania, Lourdes Lobo, a capoeira em Lauro de Freitas é um símbolo de resistência. "Temos acompanhado a luta desses grupos para manter a cultura do nosso povo viva. Nós sabemos a importância desse instrumento para a manutenção da disciplina entre os jovens, tanto que os alunos do PETI são inseridos desde cedo na modalidade", afirma.
Ao som da banda Zambiã, o Maculelê foi dançado pelos pequenos, que demonstraram com gestos peculiares todo amor que sentem pela dança. João Victor, de 9 anos, não segurou a emoção, e com o corpo pintado com o nome ‘capoeira', expressou o que seu coração sentia no momento. "Eu amo capoeira. Esta no meu corpo, no meu coração e na minha alma", disse. Já o pequeno Wanderson dos Santos, de 11 anos, quase não conseguia falar de tanta euforia e declarou, "ser capoeirista é uma emoção muito grande".