Salvador

São Desidério: Servidor perde pé e move ação contra Prefeitura

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| 19/07/2012 às 07:25
Servidor Mauro Barbosa dos Santos
Foto: SDMANIA
   Mauro Barbosa dos Santos, 32 anos, casado e pai de duas filhas, é funcionário da prefeitura de São Desidério há 13 anos. Em 26 de julho de 2011, sofreu um grave acidente, durante o trabalho no caminhão do lixo, que resultou na amputação de um de seus pés. Hoje, devida à falta de assistência dos gestores da época, Zito Barbosa e Demir Barbosa, Mauro é autor de uma ação judicial contra o município.
 
   Mauro ainda não conseguiu se aposentar, está encostado pelo INSS, e depende exclusivamente do benefício para sobreviver e sustentar sua família. Passado quase um ano, ele relata o ocorrido, as dificuldades enfrentadas atualmente, e as de quando exercia sua função: "Eu estava trabalhando naquele caminhão velho, que estava sempre quebrando, quando subir pra jogar o lixo, uma parte dele desceu e imprensou meu pé, fiquei quase uns cinco minutos lá embaixo, meu colega se desesperou, o motorista não percebeu o acidente, até a botina que eu usava, peguei no lixão, porque a que a prefeitura fornece, é muito fininha, na hora ela estourou, chamaram o SAMU, demorou, aí um vizinho me levou pra maternidade, o médico disse que não podia fazer nada. Fui encaminhado para o HO, quando me atenderam era quase meio dia, às 19h30min , iniciou a cirurgia, o médico queria ter amputado o pé no mesmo dia, mas resolveu esperar, depois de oito dias, tirou uma parte, peguei uma infecção, foi necessário realizar a amputação definitiva. Quis sair do hospital, minha família procurou um advogado, e pediu ao Zito que arrumasse uma clínica particular, ele disse que o difícil era me tirar de lá - depois desligou o telefone na cara de minha esposa " o advogado falou que para eu sair sem dinheiro, não adiantava, o médico concordou, e afirmou que o prefeito não queria assumir a responsabilidade dele, só sabia fazer jardim, fiquei um mês e dois dias no HO.
 
   Fui receber meu salário, tinha apenas 402 reais, falei com o fiscal, segundo ele, nem mesmo aquela quantia queriam me pagar, o Zito falou que iria resolver minha situação, até hoje não fez nada. Sem nenhuma assistência municipal, recorri novamente a um advogado, ele tentou fazer um acordo com o advogado do Zito, a resposta foi que a prefeitura estava falida.

  Foram requeridas e efetuadas duas perícias, agora estamos aguardando a decisão da justiça. Um dia eu estava no hospital e o Demir, que era vice-prefeito, passou procurando outra pessoa, minha mulher falou sobre mim, ele só respondeu que desconhecia o caso, não disse mais nada e saiu.

   Já como prefeito, um colega da igreja, pediu ao Demir que viesse aqui em casa, ele veio, prometeu umas coisas, mandou até eu fazer um orçamento dos matérias da casa, porém, não realizou o prometido. É muita humilhação com o trabalhador, principalmente do carro de lixo, nós trabalhamos porque precisamos sustentar nossa família, muitas vezes, tínhamos que comprar até a capa de chuva, o uniforme tem que durar quatro anos, o que aconteceu comigo, pode acontecer com outro, hoje tem outro caminhão, também em condições precárias. Não tinha direito á férias, nem para fazer exames, quando ficava doente, diziam que era mentira, uma vez, mandaram o médico cancelar o atestado. Eu e um colega, tentamos cobrar nossas férias, só que os demais, por medo, não se juntaram a nós, o máximo que conseguimos, foi um sábado de folga a cada mês”, afirmou Mauro Barbosa dos Santos. (sdmania)