Salvador

Simpósio internacional debate a medicalização da educação

vide
| 24/05/2012 às 08:11

Profissionais ligados às áreas da educação e saúde estão preocupados com a atual maneira como crianças em idade escolar, que possuem dificuldade de aprendizado e comportamento, são tratadas como doentes, invés de receberem acompanhamento educacional adequado. O assunto é o tema central do "I Simpósio Internacional e I Simpósio Baiano Medicalização da Educação e da Sociedade", que acontece de 29 a 31 de maio, das 8h30 às 17h, no Centro de Convenções de Salvador. A entrada é gratuita. O público-alvo são estudantes, profissionais e pesquisadores das áreas de educação, saúde e afins. Os organizadores estimam a presença de aproximadamente mil pessoas por dia no evento.


Segundo especialistas da área, o termo medicalização é o processo equivocado de tentar desviar para o campo médico as causas e soluções para problemas, geralmente, de origem social e política. Um exemplo é que está cada vez mais recorrente nas escolas os alunos serem diagnosticados como hiperativos ou com Dislexia.


A pesquisadora da Faculdade de Educação da UFBA, Profa. Dra. Lygia de Sousa Viégas, alerta que em 2000, eram vendidos no Brasil 71 mil caixas de Metilfenidato, um medicamento psiquiátrico usado para tratar o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Já em 2008, este número saltou para 1,14 milhão de caixas do mesmo remédio. Os dados são da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. "Precisamos conscientizar a sociedade sobre os equívocos do diagnóstico e alertar para os riscos do uso de medicamentos sem necessidade nas crianças. Uma pesquisa de Beatriz de Paula Souza, da USP, mostra que dois terços das crianças atendidas em clínicas de psicologia são de encaminhamentos feitos pelas escolas. Estes dados comprovam um preocupante crescimento da cultura da medicalização na educação", explica Lygia, a pesquisadora da UFBA.


A educadora relata ainda que a medicalização é um problema mundial e tem alcançado contorno tão exagerado, que o jornal The New York Times publicou artigo dos pesquisadores Gilbert Welch, Lisa Schwartz e Steven Woloshin, no qual denunciam que vivemos uma epidemia de diagnósticos e não de doenças.


Além das palestras e debates científicos, estão previstas atividades culturais e lançamento de livros que focalizam a medicalização. O evento é organizado pela Faculdade de Educação - UFBA e Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade - Núcleo Bahia, tendo apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB. As colaborações são do Instituto de Ciências da Saúde - UFBA, Conselho Regional de Psicologia, Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, além das secretarias de Saúde e de Cultura da Bahia.