Salvador

APAGARAM 40 ANOS DA HISTÓRIA DE SALVADOR NESTE PARABÉNS PRA VOCÊ

VIDE
| 29/03/2012 às 09:04
Salvador: 463 anos de cidade, 476 da Vila Velha, 500 anos de Catarina Paraguaçu
Foto: BJÁ
   Salvador tem mistérios que a própria razão desconhece. Frase clássica e que se encaixa bem neste aniversário de 463 anos da cidade que se instituiu como sendo 29 de março de 1549, a chegada da esquadra de Tomé de Souza a Baía de Todos os Santos, no atual Porto da Barra. A decisão foi tomada por historiadores baianos em 1949, num Congresso realizado pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, quando se completou 400 anos da chegada de Tomé e sua tropa de elite.
   
   Havia dúvidas se a data seria 1º de maio quando começaram os trabalhos de construção da fortaleza propriamente dia, se 13 de junho, data da procissão do corpo do Senhor e quando já se tinha arruamentos e casas de oficios, ou se deveria levar em consideração, como aconteceram com Olinda e Pernambuco, a instalação da Capitania Hereditária, em 1536, com Francisco Pereira Coutinho, quando a localidade se chamava Vila Velha do Pereira.
   
   O mais curioso é que, antes de Pereira Coutinho, nomeado em 1534 e só chegando a Bahia em 1536, houve a Vila do Caramuru erguida pelo português Diogo Álvares, o Caramuru, que acá chegou em 1509 deixado pelos franceses para ser o ponta-de-lança, técnico em comércio exterior, para a negociação com pau de tinta, pau Brasil. 
   
  Caramuru gostou tanto que acá ficou, teve vários filhos, constituiu a primeira familia miscigenada brasileira (tupinambá+português) casou-se com Quayadin, a nativa que depois recebeu o nome oficial de Catharine du Brèzil em homenagem a esposa do navegador francês Jaques Cartier, a qual se chamava Catharine de Granches, aportuguesado para Cataraina Paraguaçu, fundou a primeira capela (hoje mosteiro da Graça) na Bahia e sua familia teve influência no Brasil colônia por longos 300 anos. 
   
  Toda essa parte de Caramuru, Catarina e do rusticão Pereira Coutinho passaram uma borracha, como se não tivesse existido e é pouquissimo estudada, e passou-se a considerar Salvador, a cidade, somente a partir de 1549 quando a Corte de Dom João III decidiu ocupar de vez as terras brasis muito assediadas por corsários de todas as bandeiras européias - ingleses, holandeses, franceses e espanhóis.
   
  Neste sábado, na igreja da Graça, mosteiro beneditino, será celebrada uma missa pelos 500 anos de nascimento de Catarina. Os feitos de Caramuru/Catarina foram tão importantes para a Corte, depois de perdões por seus negócios com a França, que o rei lhes doou uma sesmaria, atual bairros da Graça, Chame-Chame e Jardim Apipema, dotes que foram passados quando da morte de Caramuru para os beneditinos.

  Até essa história nunca foi devidamente esclarecida. Diz-se que os beneditinos forçaram a barra para ficarem com a sesmaria, salvo contudo para Caramuru chegar ao reino dos céus no leito da morte, em 1557, tese que se opôs Cataraina, mas acabou cedendo e lá se foi a semsmaria para São Bento assim que ela também expirasse em terra, o que se deu em 1589.

  Na Bahia, pouco se estuda sobre esse período anterior a fundação da cidade propriamente dita, longos 40 anos, mas isso é histórico e faz parte da cultura preguiçosa baiana. Até hoje não se sabe quem colocou o nome de Salvador na capital sede do governo geral português na América.

   Supõe-se, que sendo Dom João III muito católico, tinha até a alcunha de "piedoso", "Dom João III, o pio", venha daí a sagração de Salvador, do Senhor Deus, ao nome da fortaleza que se construiria na Bahia, o que teria ocorrido em reunião da Corte em Almeirin, Portugal, em 1548, quando se traçou o plano de ocupação do Brasil e se organizou o que os historiadores chamam de "Constituição Prévia do Brasil", de mais uma colônia do vasto Império Português.

  Lembrar, ainda, que antes dessa ocupação européia o território de Salvador era ocupado por 5 aldeias de tupinambás, as quais, sem pouquissimas referências históricas e catequisadas pelos jesuitas receberam nomes de santos, incluindo a Monte Calvário, que ficava na altura do centro histórico, no Além Carmo.

  Então, se o leitor quiser pode dizer sem errar que Salvador tem 463 anos de cidade, 476 anos de Vila do Pereira, 482 anos da ermida da Graça, 502 anos dos primórdios da Vila do Caramuru, e 4000 anos dos tupinambás