Salvador

MORTES DE EMPRESÁRIOS NA PARALELA TÊM CARACTERÍSTICAS CRIMES DE MANDO

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| 27/01/2012 às 22:28
Os corpos dos empresários foram executados dentro deste veículo
Foto: Rep TV Bahia

Dois homens foram mortos na manhã desta sexta-feira (27), dentro de um carro na Avenida Paralela, em Salvador. O crime ocorreu por volta das 10h15, nas imediações do posto três, no sentido aeroporto. A assessoria de comunicação da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), responsável por investigar o crime, informou que as vítimas são pai e filho.

De acordo com a Transalvador, até por volta das 12h50, o fluxo de veículos ficou bastante congestionado na Avenida Paralela. Os dois foram encontrados dentro de um veículo branco. Os corpos foram retirados da via por volta das 12h20 e o trabalho da polícia atraiu a atenção de dezenas de pessoas na Avenida Paralela. A DHPP ainda não informou quais são as linhas de investigação levantadas até o momento. Não há informações sobre o autor dos disparos.

Agora já se sabe que o empresários André Cintra Santos e Matheus Cintra Santos, encontrados mortos por volta das 9h30, estariam envolvidos em crime de grilagem de terras em Salvador.

Conhecido como "Mister X" pela imprensa e ex-namorado de uma desembargadora, André Cintra foi o denunciante do Ministério Público Estadual (MP-BA), há quase seis anos, dos
casos de corrupção no Judiciário baiano. Ele sempre andava com o filho Matheus Cintra, de 21 - morto junto com o pai -, inclusive em visitas que fez à sede do MP, em Nazaré. As investigações da promotoria, entre 2006 e 2007, culminaram na prisão de servidores e advogados do Tribunal de Justiça (TJ-BA) e abertura de processo disciplinar contra duas juízas por suspeita de envolvimento com o esquema de venda de sentenças.
 
À época, cinco desembargadores tiveram os nomes citados nos trabalhos de apuração
(ver nota). Ele fazia parte de um grupo que se beneficiava de decisões liminares para promover grilagens de terra, mas, ao se desentender com os integrantes, resolveu denunciar as irregularidades.
 
Em fevereiro de 2010, a magistrada Nadja de Carvalho Esteves, então titular da 81ª Vara de Substituições de Salvador, que estaria no centro das denúncias, chegou a ser
rebaixada com remoção compulsória e deixou de concorrer à vaga de desembargadora por supostamente atender aos interesses do seu marido, o juiz aposentado Flávio de Castro Esteves. Em um dos depoimentos à imprensa, Mister X apontou Esteves como responsável por espancá-lo em seu escritório no centro da cidade.

Este não é o primeiro caso de atentados contra denunciantes do esquema de venda de sentenças no TJ-BA. Em maio do ano passado, o promotor Paulo Gomes Junior, do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco), do MP-BA,
teve o carro alvejado por três tiros, quando deixava o Salvador Shopping com sua mulher e o filho de três anos. Ninguém ficou ferido.