Os fiéis lotaram a Igreja Matriz de Santo Amaro de Ipitanga e seu adro, em Lauro de
Freitas, para ouvir as palavras do padre Jair Arlego, ou, como ele prefere, Jair
de Ipitanga, na missa solene que encerrou a programação de homenagem ao
padroeiro da cidade. Apesar da forte ligação do clérigo com o município, este
foi a última festa celebrada como padre da Paróquia. "Desejo a todos que
procurem o melhor de si e ofereça aos seus irmãos para que a convivência aqui no
município seja sempre de paz".
Ao final do culto, a prefeita Moema Gramacho falou sobre a importância histórica da
paróquia Santo Amaro de Ipitanga. A localidade nasceu da freguesia de mesmo nome que
os jesuítas fundaram em 1578. "Estes 404 anos só foram permitidos pela graça de
Deus, por aqueles que administraram esta igreja e pela força do nosso povo" -
completou a prefeita. Após a missa, os fies seguiram em procissão pelas ruas do
centro da cidade levando o andor com a imagem do santo e cantando o Hino a Santo
Amaro.
Segundo o professor e pesquisador da cultura e da história de Lauro de Freitas, Emanuel
Paranhos, a festa do padroeiro é a mais representativa do município. "Vem do
tempo em que Lauro de Freitas tinha o nome do santo. Vem de meu tataravô, meu
bisavô, e as novas gerações dão continuidade mesmo com toda a diversificação
religiosa. Desde menino que eu venho participar. O mais importante é manter a
tradição, independentemente dos credos". O ato foi finalizado na igreja, sob a
bênção do Santíssimo Sacramento. No sábado, 22 grupos fizeram o Cortejo Cultural
também no Centro, parte mais cívica das homenagens.
Santo Amaro, discípulo predileto de São Bento, nasceu em Roma, no ano de 512. Assim
como São Pedro e Jesus Cristo, Santo Amaro também ficou conhecido por andar
sobre as águas para salvar seu primo quando se afogava. A igreja o canonizou em
1962 e sua festa acontece no dia da sua morte, 15 de janeiro. A região de Lauro
de Freitas, desde a fundação da freguesia da Companhia de Jesus, era chamada de
Santo Amaro do Ipitanga, assim com o Aeroporto de Salvador. O município foi
rebatizado com sua emancipação, em 1962. A secular igreja Matriz data do início
do século XVII e é um dos mais importantes monumentos da arquitetura religiosa
da Bahia.