O cortejo à lavagem do adro da basílica do Senhor do Bonfim se transformou numa festa popular político-carnavalesca numa descaracterização sem precedentes em sua história, restando pouco ou nada de religiosidade e até do sincretismo que, em épocas passadas motivaram sua existência.

   Milhares de baianos e um punhado de turistas cumpriram esse ritual tricentenário, nesta quinta-feira, 12, sem fé religiosa, sem brilho, sem organização, apenas um folguedo. Até blocos de Carnaval com cordas e cordeiros pagos desfilaram, assim como carros de sindicatos servindo de apoio à venda de bebidas alcoólicas a grupos de protestos.

   O cortejo oficial chegou a colina do Bonfim por volta das 11h30min e o governador Jaques Wagner disse que pediu ao Senhor do Bonfim que "traga luz e paz para o povo baiano, e que o governo do Estado vai continuar trabalhando para proporcionar mais educação, saúde, cultura, segurança e as obras que a Bahia precisa". O prefeito em exercício, Edvaldo Brito, também participou do evento.

  A desorganização do cortejo chegou a tal ponto que ninguém respeita mais a ala das baianas e das autoridades municipais e estaduais, grupos de políticos sairam à frente, e os carroceiros, bicicleteiros e cavaleiros praticamente desapareceram da festa. Como protesto, o BJÁ flagrou dois carroceiros quase chorando e com suas carroças vazias participando de um protesto silencioso contra o veto de suas participações.

   FESTA POLÍTICA

   O cortejo à lavagem serviu para que os políticos testassem duas popularidades. O governador Wagner se mantém em alta e foi bastante cumprimentado. Mas foi bastante difícil chegar perto dele devido a quantidade de seguranças que o cercava e de correligionários.

   O PT se atrapalhou todo na organização e um grupo saiu próximo de Wagner e outro mais atrás. O deputado Nelson Pelegrino, pré-candidato a prefeito disse ao BJÁ que participava do cortejo com bastante alegria e estava "muito motivado", politicamente.

  O PMDB/DEM/PSDB organizou um bloco, mas, entre os pré-candidatos das oposições para 2012, só a presença do deputado ACM Neto, bastante cumprimentado. Imbassahy (PSDB) se encontra de férias nos EUA e não compareceu e MK não foi a caminhada.

   A deputada Alice Portugal (PCdoB) comandou um bloco distante do PT e da base aliada, veio logo atrás do bloco do PMDB, e o PDT fechou em torno de Marcos Medrado, ao lado do vereador Alcindo da Anunicação, do PT, e dos seus correligionários.

  O PSOL trouxe à frente do seu bloco Hilton Gomes e uma faixa criticando o "PDDU de Wagner e JH"; e o PP, com uma turma muita animada, esteve comandado por João Leão.