RIO E SÃO PAULO - O Sindicato Nacional dos Aeroviários, com sede no Rio, deu início a greve no Aeroporto do Galeão impedindo funcionários que entrariam às 18h a ocupar seus postos. O mesmo está acontecendo nos aeroportos de Confins, Brasília, Fortaleza e Salvador. Segundo a presidente do sindicato, Selma Balbino, afirmou que a greve foi antecipada para as 16h desta quinta-feira, porque assim a categoria ficaria livre de cumprir a liminar do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que decidiu, na quarta-feira, pela obrigatoriedade de 80% do efetivo estar trabalhando sob pena de multa no valor de R$ 100 mil diários. - A liminar fala sobre greve nos dias 23 e 24. Para o dia 22, que é hoje, estamos liberados- afirmou Selma.
A sindicalista afirma ainda que há uma tentativa de forçar os aeroviários a trabalharem e que, muitos que já estão dentro do aeroporto, estão sendo obrigados a dobrar o turno. Selma denunciou ainda práticas irregulares da Infraero e das companhias aéreas.
- As empresas conseguiram que a Infraero liberasse portões irregulares para entrada de funcionários,que não tem sequer raio X. Nossa classe está mobilizado e em pouco tempo vamos parar esse aeroporto (Galeão). Não adianta fazer check in se a ma mala não chegar ao avião - disse Selma.
Em São Paulo, os aeroviários - trabalhadores de terra - saíram da audiência de conciliação agora à tarde no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) sem acordo. O presidente Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, Reginaldo Alves de Souza, protocolou nesta quinta-feira o estado de greve no TRT. Isso significa dizer que, pela lei, a categoria não poderá paralisar suas atividades pelas próximas 72 horas. Várias assembleias ainda estão sendo realizadas em diferentes estados do país. Os aeroviários de Porto Alegre e Recife fecharam acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea). A da capital paulista, no entanto, foi adiada para segunda-feira.
- Não vai ter greve até a próxima segunda-feira, mas depois começará a pressão - avisou o presidente do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo.
Durante a audiência do TRT-SP, o desembargador Jonas Santos de Brito sugeriu às companhias aéreas que pagassem 7% de reajuste (6,56% do IPCA mais 0,44% de aumento real). Os trabalhadores disseram que aceitavam os 7%, mas Snea não foi além dos 6,5%.
Já o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) - que representa os trabalhadores que atuam dentro dos aviões, como pilotos e comissários - aceitou a proposta feita hoje pelas empresas aéreas, de reajuste de 6,5%, o que já garante ganho real a categoria, e suspendeu a greve que estava marcada para começar nesta quinta-feira às 23h.
Nesta manhã, manifestação de aeroviários no Aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, causou atrasos e cancelamentos de voos. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aéreo, cerca de 50 funcionários da TAM cruzaram os braços por volta de 5h e 6h, mas a situação já estava normalizada no principal aeroporto do país. Souza, presidente do sindicato, disse que a paralisação atingiu cerca de 70% do pessoal de pátio e pista escalados para o turno da manhã.
Segundo a Infraero, 59 voos domésticos, ou 3,8% do total, estavam atrasados até as 14h desta quinta-feira. Duas horas depois, o número de decolagens fora do horário estava em 47 ou 2,6% do total. No entanto, durante todo o dia até às 16h, 396 voos partiram com mais de meia hora de atraso. A situação no meio da tarde era tranquila nos aeroportos cariocas. O Santos Dumont, que durante todo o dia registrou 25 atrasos, não tinha nenhuma decolagem fora do horário às 16h. Já o Galeão/Tom Jobim, que registrou apenas oito voos fora do horário durante todo o dia, contava com apenas um atrasado neste horário.
Segundo o balanço da Infraero, durante todo o dia, a pior situação foi em Congonhas, em São Paulo, que registrou atrasos em 69 voos domésticos (44,8% dos 154 programados). No entanto, às 16h, apenas três voos estavam atrasados. Entre os grandes aeroportos, a pior situação naquele horário era em Porto Alegre, com cinco voos atrasados. A estatal informou ainda que, durante todo o dia, 28 voos internacionais partiram com atraso, ou 20,9% dos 134 previstos.
O movimento sindical de aeroviários vive um racha. A greve está oficialmente marcada para as 23h, mas o Sindicato dos Aeroviários de SP, que congrega 20 mil aeroviários em São Paulo, e 60 mil em todo o Brasil, e que é filiado à Força Sindical, não concordou com a proposta de 6,5% de aumento feita pelo sindicato das empresas na quarta-feira. Já o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aéreo (FNTTA), Uébio José da Silva, disse que a manifestação foi mais intensa nas primeiras horas de funcionamento de Congonhas, mas que a situação estava tranquila e o movimento era "isolado".
O engenheiro Fábio Delli perdeu uma reunião de trabalho em Brasília. O voo que partiria de Congonhas às 8h30 foi cancelado. Ele também tentou, sem sucesso, embarcar às 9h30. A TAM havia remarcado o voo para às 10h30, mas como a reunião de Delli aconteceria às 10h, ele desistiu da viagem.
Mais cedo, a TAM confirmou que os voos de e para São Paulo/Congonhas foram afetados por uma paralisação parcial de funcionários do setor de rampa, responsáveis pelo manuseio de cargas e bagagens e pelos equipamentos de solo que atendem as aeronaves.
Ainda segundo a TAM, a companhia antecipou, na terça-feira, 10% de reajuste nos pisos salariais, que inclui os funcionários de rampa. E reajuste de 6,17%, equivalente ao INPC de dezembro de 2010 a novembro de 2011, a todos os demais funcionários da companhia. Foi concedido aumento de 10% nos valores do vale-refeição e do vale-alimentação (cesta básica) e a criação do piso salarial para a função de Operador de Equipamento, no valor de R$ 1 mil.
A companhia orientou os passageiros com voo marcado a ligar para a Central de Atendimento (4002-5700, capitais, ou 0800 5705700, para todo o Brasil) para obter informações.
A GOL também informou que algumas de suas decolagens sofreram atraso por causa da manifestação.
Na quarta, o Tribunal Superior Eleitoral (TST) determinou que 80% dos aeronautas e aeroviários trabalhem para manter normal o funcionamento dos aeroportos no final do ano.
O Snea (sindicato das empresas) queria que o percentual mínimo fosse de 90% de trabalhadores em seus postos nos dias mais críticos