Salvador

DERROTADOS EM ASSEMBLEIA 20 ESTUDANTES INVADEM REITORIA DA USP

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| 02/11/2011 às 10:20
Grupo minoritário não se conforma com derrota e invade reitoria USP
Foto: FP

Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) invadiram na madrugada desta quarta-feira (2) o prédio da reitoria da instituição na Cidade Universitária, na Zona Oeste da capital paulista. Pelo menos um portão foi arrombado. Segundo nota do movimento responsável pelo movimento, a ocupação é uma "troca de posições". Os estudantes prometem deixar o prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) até as 12h. Segundo a Polícia Militar, a situação era pacífica por volta das 6h30. No horário, cerca de 20 estudantes estavam reunidos em volta de uma fogueira.

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A decisão de invadir o prédio da reitoria foi tomada após assembleia realizada na noite desta terça (1º), quando os universitários optaram por desocupar o prédio da administração da FFLCH, ocupado desde o dia 27 em protesto contra a ação da Polícia Militar na Cidade Universitária. Mas estudantes da ala radical não aceitaram o resultado e decidiram invadir o prédio da reitoria.

Dos mais de mil presentes na assembleia, 559 votaram a favor da desocupação e 458, contra. Os integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) deixaram o local após a votação, mas o grupo que encabeçou a invasão não aceitou a decisão. Na nota divulgada, o grupo que decidiu pela invasão do prédio da reitoria informou que uma nova direção do movimento de ocupação foi eleita sem, entrentanto, informar o quórum da decisão.

Cerca de 20 alunos estavam na reitoria hoje cedo (Foto: Glauco Araújo/G1)Cerca de 20 alunos estavam na reitoria hoje
cedo (Foto: Glauco Araújo/G1)

"A assembleia deliberou ocupar por ampla maioria o prédio da reitoria da universidade. Esta ocupação é uma continuidade da ocupação da administração da FFLCH que será desocupada conforme deliberado no início dessa assembleia. Entendemos que a nossa luta está ligada a algo que ocorre em toda a universidade, por isso exigimos que o reitor João Grandino Rodas se pronuncie e atenda às nossas reivindicações. Continuaremos a luta contra a repressão e mantemos, portanto, os eixos centrais do movimento, que é a revogação convênio PM-USP e a revogação de todos os processos contra estudantes, professores e funcionários", informa o texto.

Apoio à presença da PM
Na terça, antes da assembleia, estudantes se reuniram na Praça do Relógio, na Cidade Universitária, para um ato em apoio à presença da PM no campus da USP, na Zona Oeste de São Paulo. O evento contou com a presença de alunos de diversas faculdades, como da Escola Politécnica, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), Escola de Educação e Artes (ECA) e até da FFLCH.

O protesto aconteceu dias depois de alunos da FFLCH entrarem em confronto com policiais. Na quinta, três jovens que, segundo a PM, estavam com porções de maconha, foram detidos dentro do campus. Revoltados com a abordagem, outros estudantes tentaram evitar que o trio fosse levado a uma delegacia.

Após horas de negociação, polícia e estudantes chegaram a um acordo. A caminho da saída da USP, porém, a PM foi cercada por alunos e um bate-boca começou. Um cavalete foi jogado nos PMs, que reagiram usando cassetetes e bombas de gás para dispersar o grupo. Na mesma noite, alunos invadiram o prédio da administração da FFLCH em protesto contra a presença da corporação no campus.

Organizado por meio de redes sociais, a manifestação desta terça estava prevista para reunir ao menos de 1.100 pessoas. No entanto, o número foi aquém, chegando a cerca de 200.

Uma das responsáveis pelo protesto, a estudante de letras Marina Grilli disse que a maior parte dos alunos é a favor da PM, inclusive na FFLCH. "Lá dentro (FFLCH) o pessoal tem medo de falar sobre isso (apoio à PM), porque têm alguns radicais. Não são maioria, mas como costumam convocar assembleias, fazer votações, acabam encaminhando sua vontade. Mas é algo duvidoso".

Ela é a favor que a polícia continue no campus até que a Guarda Universitária esteja mais bem capacitada. "Não faz sentido se livrar da única forma de se ter segurança aqui dentro da USP".

O aluno de engenharia elétrica Henrique Ianelli, de 19 anos, disse que "uma pequena minoria é que tem feito essa baderna". Ele defende, inclusive, a abordagem dentro da USP.

Oradores se mostraram a favor da realização de um plebiscito para decidir se a polícia deve ou não ficar no campus. A manifestação estava prevista para terminar no estacionamento da FEA, onde o estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, foi assassinado.

O tenente-coronel da PM José Luiz de Souza, que acompanhou de longe a manifestação, disse que a abordagem de alunos é normal. "Não é um excesso. A abordagem é um dos recursos para reprimir ilícitos de maneira geral. É um poder legal da polícia".

Para ele, a maioria dos alunos quer que integrantes da corporação permaneçam no campus. "Entendo que seja uma minoria que quer a saída da PM. Temos manifestações de apoio aqui no campus e pelas redes sociais".