Imprudência, negligência e imperícia. Estes foram os fatores apresentados na manhã desta sexta-feira (23) pela delegada Jussara Souza para resumir as causas do acidente que matou nove operários em um obra da construção civil em Salvador, no dia 9 de agosto. A perícia constatou que houve falha mecânica e falta de manutenção no elevador que despencou de uma altura de cerca de 80 metros.
Segundo a delegada, o engenheiro Manoel Segura, responsável pela obra, não cumpria com normas regulamentadoras da construção civil. Foi registrada falha de manutenção do guincho e do sistema de freio, que não funcionou, ocasionando a tragédia. "As inspenções nas peças têm que ser registradas em um livro. Esse livro foi solicitado, mas não foi entregue nem à delegacia, nem aos peritos técnicos", afirma Jussara Souza, ressaltando que não havia sobrecarga no equipamento. A capacidade é para dez pessoas e estava com nove trabalhadores.
No laudo pericial consta que foram encontrados vestígios de graxa nas peças que compunham o elevador, o que segundo os técnicos, descumpre recomendações dos fabricantes. Os peritos afirmaram que peças não originais foram encontradas na estrutura. Outro fator apontado foi a falta de instrução e formação técnica dos funcionários que operavam o elevador.
O engenheiro Manoel Segura, dono da construtora Segura, vai ser responsabilizado pelo descumprimento das normas que regulam a construção civil. O inquérito será encaminhado para o Ministério Público.
Tragédia
A queda do elevador aconteceu na manhã do dia 9 de agosto no canteiro de obras do edifício Empresarial Paulo VI, de responsabilidade da construtora Segura, localizado na Avenida ACM, em Salvador. Os nove trabalhadores morreram na hora. Na ocasião, a empresa responsável negou as acusações de desgate em equipamentos.
NOTA DA CONSTRUTORA
SEGURA
A Construtora Segura informa que recebeu com surpresa o resultado do laudo pericial apresentado pela Polícia Civil. O documento já foi encaminhado aos departamentos jurídico e técnico da empresa, onde será devidamente analisado.
Apesar do respeito pelos signatários do referido laudo, a empresa considera, em um primeiro momento, que o laudo possui informações inconsistentes, que serão demonstradas em momento e foro oportunos.
A Construtora Segura reitera que o elevador sinistrado funcionava para uso de engenheiros, colaboradores e inspetores do trabalho dentro das normas técnicas, de segurança e manutenção.
Além disso, a obra era fiscalizada pelas autoridades competentes, sendo executada em observância das normas de segurança vigentes.
Em 30 anos de atuação, com mais de 3 mil unidades entregues ao mercado, a Construtora Segura tem pautado sua história em alicerces éticos e morais.