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Igreja de Nossa Senhora do Pilar integra conjunto arquitetônico
Foto: Berg Angelo
O complexo arquitetônico do Pilar, localizado no bairro do Comércio, em Salvador, já está com 95% das suas obras adiantadas pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), autarquia da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA). O monumento foi construído no início do século 18, na base da falha geológica de cerca de 70 metros de altura que divide as cidades Alta e Baixa, na capital baiana.
O conjunto arquitetônico tem na sua composição final elementos do barroco, rococó e neoclássico. "O complexo é formado pela igreja do Pilar, um dos raros templos católicos que apresenta alongamento da planta, preocupação típica de arquitetos mineiros, possivelmente inspirados na igreja de São Paulo de Braga, Portugal, do final do século 17", diz o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça.
O dirigente estadual explica que o cemitério do conjunto é em estilo neoclássico e tem fachada de 20 colunas de sete metros de altura, cada uma. A igreja tem portal e janelas em pedra de lioz talhadas em Lisboa, teto pintado por José Teófilo de Jesus (1837) e paredes internas com azulejos do século 18 (1750/60) de diferentes oficinas portuguesas. Da imaginária, destaca-se a de Santa Luzia, do século 18.
Esta é a obra de recuperação mais importante já realizada na igreja e cemitério desde a década de 1960”, afirma Mendonça. Os prédios já se encontravam em processo de ruína, quando o Governo do Estado iniciou as obras com investimento de R$ 5 milhões do programa Prodetur do Ministério do Turismo, incluindo contrapartida estadual, via Secretaria de Turismo, e com coordenação do IPAC/SecultBA. Como essas edificações são tombadas desde 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) do Ministério da Cultura, esse órgão federal realiza a fiscalização.
Foram realizados serviços de engenharia e limpeza, retirados 2,5 toneladas de lixo e entulho do cemitério que estava soterrado. Foi realizada a estabilização da encosta da ladeira do Pilar e alvenaria de contenção de 500 metros de comprimento para proteger o monumento, reforma do teto do templo e substituição de peças de madeira por metálicas. Incluíram-se novas telhas brancas matizadas, proteção para o forro artístico, novo telhado para o cemitério com telhas metálicas trapezoidal, recuperação do revestimento interno e externo e recuperação das esquadrias de madeira e de ferro.
Com 95% por cento da obra concluída, a equipe do IPAC se dedica agora à recuperação das instalações hidráulica e elétrica, balaústres, elementos decorativos em argamassa, restauração de cantarias nas fachadas e escadas em lioz, além de reassentamento dos gradis do adro. A intenção é que as obras terminem em setembro (2011).
OPCIONAL História:
A igreja de Nossa Senhora do Pilar foi construída pela comunidade espanhola que morava em Salvador, em homenagem a padroeira da Espanha, muito venerada naquele país. A igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Salvador, era uma das mais prósperas, graças à força da comunidade espanhola, a grande maioria, comerciantes e empresários bem sucedidos.
A sua popularidade, no entanto, foi alcançada a partir do momento em que passou a abrigar a estátua de Santa Luiza, no final do século 19. Segundo a juíza da irmandade de Nossa Senhora do Pilar, Josete Batista Santos, Santa Luzia tinha seu próprio templo que se localizava nas imediações, onde hoje fica a Av. do Contorno, mas foi destruída por um incêndio ocorrido no final do século 19. Ao chegar à Igreja do Pilar, passou a ocupar um espaço, no altar mor, mas, já em 1902, devido ao grande número de fiéis, a irmandade mandou construir um altar especifico pra ela, numa das laterais do templo. A sua popularidade é tão grande que muitas pessoas confundem a Igreja de Nossa Senhora do Pilar como sendo a Igreja de Santa Luzia, que no sincretismo religioso é denominada Oxum Apará, uma mistura de Iansã com Oxum.
Ela é a padroeira dos marinheiros e madrinha dos Filhos de Gandhi e da Banda Dida. Virgem-mártir da Igreja Católica, Santa Luzia teve seus olhos arrancados. Em Salvador ela tem grande apelo e devoção que culmina com a festa religiosa e popular que acontece anualmente em 13 de dezembro. Antigamente, as águas que brotavam da encosta foram canalizadas como abastecimento de naus e caravelas do porto da cidade. Ao desmontar a encosta para construção da igreja, no meado do século XVII, o minadouro foi canalizado, beneficiado e transformado em fonte considerada, até hoje, como milagrosa.