Um grupo com cerca de 200 pessoas, composto de estudantes e da união das associações de moradores dos bairros Cajazeiras, fechou uma das pistas da Av. Bonocô, no sentido Iguatemi, por volta das 17h desta quinta-feira (11). O motivo da intervenção na via é manifestação denominada "Aniversário de 12 anos do metrô de Salvador". A Polícia Militar já está no local para dar apoio.
O manifesto foi organizado pelo estudante Cícero Contrim, de 16 anos, na rede social Facebook e recebeu 11.936 confirmações de presença. A data escolhida para o evento não está relacionada a data de início das obras, mas ao dia do estudante, comemorado hoje, de acordo com Contrim.
A causa também ganhou o apoio do cantor e compositor Alex Góes, que está no local. Para ele, é preciso mais que curtir o evento na rede social. "Salvador já foi uma cidade digna de se viver. Precisamos mostrar nossa indignação", afirmou o cantor.
A prefeitura de Salvador preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
Histórico
O contrato de obras do metrô de Salvador foi assinado em dezembro de 1999. Contudo, as obras foram iniciadas entre 2000 informou a Secretaria Municipal dos Transportes Urbanos e Infraestrutura (Setin). O prazo inicial para término da obra eram 48 meses para um percurso de 12 km. Contudo, o percurso foi reduzido para 6km e as obras ainda não foram finalizadas.
Segundo a Setin, a conclusão da obra está prevista para dezembro deste ano, quando alguns testes ainda serão realizados. A partir de janeiro de 2012, o metrô poderá ser utilizado gratuitamente pela população, por um período de pelo menos três meses, informou o órgão.
NOTA DA PREFEITURA
A Prefeitura de Salvador considera muito salutar para a construção da cidadania a notável participação da juventude na manifestação desta quinta-feira (11) pelos 12 anos de obras do metrô. Mas como muitos destes jovens eram crianças na época em que a construção teve início, inclusive para evitar que sejam utilizados como massa de interesses político-partidários, cabe esclarecer alguns pontos.
A atual gestão municipal encontrou em 2005 as obras do metrô de Salvador completamente paradas, com cerca de 2.000 operários em férias coletivas e uma série de questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a legalidade da licitação de 1999 e das prestações de contas até 2004. As obras já somavam seis anos e representavam menos do que 25% do primeiro tramo, ou do trecho entre a Estação da Lapa e o Acesso Norte.
Sabendo da necessidade de continuar as obras, que já haviam consumido uma grande soma de recursos federais, a atual administração buscou esclarecer todos os procedimentos junto ao TCU e aceitou a assumir a gestão deficitária dos trens do subúrbio, que hoje onera em R$1,2 milhão por mês as contas municipais, condição imposta pela União para que a construção do metrô recomeçasse. Graças a isso, esse trecho hoj e está com 99% das obras concluídas.
Vale salientar que o metrô é uma obra federal e que em todas as outras cidades que estão implantando o sistema a gestão é da própria União ou dos governos estaduais.
No caso de Salvador, a gestão tripartite (União/estado/município) tem buscado finalmente concluir o processo. Ao mesmo tempo em que busca viabilizar o início da operação, a Prefeitura segue prestando todas as informações ao TCU e ao Ministério Público Federal (MPF) para que, uma vez identificados, os responsáveis pelos maiores atrasos e eventuais irregularidades da obra sejam responsabilizados e punidos.