O ex-vereador e ex-candidato a deputado estadual pelo PRP, Jader Wilton Oliveira Costa e o pai dele, de identidade não informada, foram presos na madrugada desta sexta-feira (22), em casa, no município de Carinhanha, a 900 km de Salvador, em cumprimento a dois mandados, dos 29 expedidos pela Justiça na "Operação Corcel Negro", que visa ao combate da produção ilegal de carvão.
Com a atividade principal baseada na produção de carvão vegetal nas regiões Oeste e Sudoeste, todos são acusados de envolvimento em um esquema de "emissão de crédito de reposição florestal irregular".
Segundo informações de policiais envolvidos na ação, durante a mega operação no município, no Vale do São Francisco, o ex-prefeito de Carinhanha, Geraldo Pereira Costa, mais conhecido como "Piau" também teria sido preso. Na casa dele foram apreendidos computadores e documentos.
Intermediadora - Em nota o Ministério Público Estadual informou que durante a operação os agentes prenderam a empresária Ana Célia Coutinho Rocha, mais conhecida como "Xinha", apontada pelos promotores como a principal intermediadora do esquema ilegal. A mulher foi presa em Riacho de Santana, a 834 km de Salvador, oeste baiano.
Naquele município também foram presos a filha dela, Milena Coutinho de Castro, e o genro, Francisco Leonardo Bastos Vila Nova. Na casa 145 da Rua Gercino Coelho, endereço em que foi encontrada, "Xinha" possui um escritório para comercialização de carvão e derivados. Uma pesquisa no histórico criminal de Ana Célia aponta reincidência na atividade ilegal.
Em abril de 2006 ela e outras seis pessoas foram presas pela Polícia Federal e indiciadas por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, crimes contra o meio ambiente e venda e falsificação de ATPF (Autorização de Transporte de Produto Florestal).
A quadrilha, formada por servidores ativos e demitidos do Ibama e empresários, tinha como base o oeste baiano, onde transportava ilegalmente carvão e madeira, utilizava de falsas identidades ideológicas e vendia documentos de ATPF falsificados pelo valor de R$1 mil cada.
Emissão de novos créditos é suspensa
A Sema mantém suspensa a emissão de novos créditos de reposição florestal até que seja aprovada a alteração da lei da Política Estadual de Meio Ambiente. Segundo Spengler, "os funcionários envolvidos que eram contratados já foram demitidos. Os funcionários efetivos estão afastados e foram abertos processos disciplinares. Eles poderão inclusive ser demitidos do serviço público".
Outra medida tomada pelo Estado é o aperfeiçoamento do sistema de controle com o aumento da capacidade de fiscalização, uso de tecnologias avançadas de controle e fiscalização e a readequação do sistema de licenciamento.
O promotor Geder Gomes explicou que não foram registrados prejuízos aos cofres públicos e que a relação com o Poder Executivo Estadual está na participação de servidores e ex-funcionários públicos. "Tivemos a participação de funcionários públicos e, ao mesmo tempo, a disponibilidade do próprio Estado, por meio das secretarias, atuando conosco contra a participação de funcionários públicos na criminalidade organizada".
De acordo com a delegada Carmen Dolores, durante a operação não foram registrados incidentes violentos, tampouco resistências durante as prisões. Fato que ela atribui à alta tecnologia utilizada na operação. "Contamos com o trabalho da Superintendência de Inteligência, que nos possibilitou a identificação e localização de alvos, dentre outras medidas necessárias para a elucidação de delitos".
A operação, que continua em andamento até o cumprimento de todos os mandados, acontece nos municípios Juazeiro, Jequié, Bom Jesus da Lapa, Barreiras, Riacho do Santana, Guanambi, Cariranha, Coribe, Cocos, Vitória da Conquista, Salvador e na cidade de São Paulo.