Salvador

CARUARU COMEMORA SÃO JOÃO COM TIROS DE BACAMARTES A CADA 30 SEGUNDOS

VIDE
| 24/06/2011 às 20:10
Equipe de bamarteiros de Caruaru
Foto: G1
A cada 30 segundos, um grande estouro era ouvido nos quarteirões próximos ao Sesc de Caruaru na tarde desta sexta-feira (24), dia de São João. O barulho muito mais alto do que o dos fogos, que eram tradicionais na noite anterior, vinha de tiros disparados por bacamarteiros, personagem interiorano que é homenageado nesta época no interior do Nordeste.

Pelo menos duas centenas desses "soldados" com roupas coloridas e pesadas espingardas, os bacamartes, desfilaram pelas ruas de Caruaru nesta tarde em comemoração ao São João. Reunião de grupos menores de várias cidades, o encontro é um dos principais eventos do dia na cidade, e o Sesc foi o ponto de encontro para o início do desfile. Era lá que os bacamarteiros realizavam os disparos, em fila, gerando grande barulho e comemoração.

O agricultor Lourinaldo Vila Nova (à direita), líder de um desses 'esquadrões' bacamarteiros (Foto: Daniel Buarque/G1)O agricultor Lourinaldo Vila Nova (à direita), líder de um desses 'esquadrões' bacamarteiros
(Foto: Daniel Buarque/G1)

Diz-se que a tradição dos bacamartes vem desde a guerra do Paraguai, e que é um costume surgido de quando os soldados atiravam para o alto para festejar. Hoje, os bacamarteiros são em sua maioria agricultores de toda a região, e seus tiros são formados apenas de barulho, sem que nenhum projétil saia da arma.

O agricultor Lourinaldo Vila Nova era o líder de um desses "esquadrões" bacamarteiros que se reuniram em Caruaru. Segundo ele, os bacamartes são usados apenas nas festas de São João, e cada bacamarteiro treina desde a infância, usando cargas menores de pólvora para poder se acostumar com o coice da arma. Aos 51 anos, ele contou que atira desde os 15.

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Trabalhador de uma fazenda da região da própria cidade, ele lidera um grupo de 22 homens e contou ao G1 que cada chefe como ele precisa se registrar anualmente no Exército para poder dar disparos e desfilar. "É muita responsabilidade", contou. Ele disse, entretanto, que não existe um teste para poder conseguir a autorização. "É preciso ter dignidade, fazer direito, não deixar os comandados beberem demais", explicou.