Começa amanhã, dia 1º de junho o período de comemorações a Santo Antonio no Farol da Barra, um dos mais tradicionais pontos dos festejos ao padroeiro que empresta o nome ao forte (onde está o farol e também o Museu Náutico) que protege a entrada da Baía de Todos os Santos. A partir das 19 horas, todos os dias estão programados além liturgia da "Trezena de Antonio", cânticos, louvores, orações e apresentação de grupo musical. O destaque da programação é o primeiro dia e depois o décimo terceiro, com a presença de autoridades eclesiásticas e degustação de gastronomia junina.
Todos os anos a Trezena de Santo Antonio, no Farol da Barra, elege um tema correlato às atividades e biografia do homenageado. Desta vez o tema será o volume de informações que levam ao consumismo desenfreado e que causa danos ao meio ambiente. Santo Antonio é conhecido por sua oratória e preocupação com a natureza (junto com seu mentor São Francisco de Assis). Durante os atos religiosos será lembrada uma reflexão antiga sobre a nossa transitoriedade.
O altar será novamente confeccionado pelo artista plástico Luis Tourinho, com base em temas ecológicos e types que remetem à informação formal, tecnológica e criativa. É a renovação na fé e esperança de um mundo melhor, mais limpo e responsável. Os participantes da trezena participam ainda de um programa de doação de mantimentos e roupas para o Lar Vida, que cuida de crianças com problemas neurológicos abandonadas pela família.
O rito da Trezena de Santo Antonio do Farol da Barra, segundo Reuben Costa, um dos organizadores, leva em conta e respeita ao formato mais tradicional da louvação, com cânticos, incenso e homenagens: " Fazemos da mesma forma que os antigos faziam em suas casas, em Salvador", enfatiza.
O SANTO
Protetor dos pobres, no auxílio na busca de objetos ou pessoas perdidas, e amigo nas causas do coração. Assim é Santo Antônio de Pádua, frei franciscano português, que trocou o conforto de uma abastada família burguesa pela vida religiosa.
Contam os livros que o santo nasceu em Lisboa, em 15 de agosto de 1195, e recebeu no batismo o nome de Fernando. Ele era o único herdeiro de Martinho, nobre pertencente ao clã dos Bulhões y Taveira de Azevedo. Sua infância foi tranqüila, sem maiores emoções, até que resolveu optar pelo hábito. A escolha recaiu sobre a ordem de Santo Agostinho. Os primeiros oito anos de vida do jovem frei, passados nas cidades de Lisboa e Coimbra.
Fernando preferia a solidão das bibliotecas e dos oratórios às discussões religiosas. A até encontrar um grupo de franciscanos que seguia para o Marrocos, na África, onde pretendia pregar a Palavra de Deus e viver entre os sarracenos.
A experiência costumava ser trágica. E daquela vez não foi diferente. Como a maioria dos antecessores, nenhum dos religiosos retornou com vida. Depois de testemunhar a coragem dos jovens frades, Fernando decidiu entrar para a Ordem Franciscana e adotar o nome de Antônio, numa homenagem à Santo Antão.
Disposto a se tornar um mártir, ele partiu para o Marrocos, mas logo após aportar no continente africano, Antônio contraiu uma febre, ficou tão doente que foi obrigado à voltar para a casa. Mais uma vez, os céus lhe reservava novas surpresas. Uma forte tempestade obrigou seu barco a aportar na Sicília, no sul da Itália. Aos poucos, recuperou a saúde e concebeu um novo plano: decidiu participar da assembléia geral da ordem em Assis, em 1221, e deste modo conheceu São Francisco (protetor das causas ecológicas) pessoalmente.
O processo de canonização de frei Antônio encabeça a lista dos mais rápidos de toda a história. Foi aberto meses depois de sua morte, durante o pontificado de Papa Gregório IX, e durou menos de ano.
Santo Antônio foi eleito pelo povo o protetor dos pobres. Transformou-se num dos filhos mais amados da Igreja, um porto seguro a qual todos - sem exceção - podem recorrer. Uma das tradições mais antigas em sua homenagem é, justamente, a distribuição de pães aos necessitados e àqueles que desejam proteção em suas casas.
O seu culto, que tem sido ao longo dos séculos objeto de grande devoção popular é difundido por todo o mundo através da missionação e miscigenado com outras culturas (nomeadamente Afro-Brasileiras e Indo-Portuguesas).
De Lisboa ou de Pádua, é por excelência o Santo "milagreiro", "casamenteiro", do "responso" e do Menino Jesus. Padroeiro dos pobres é invocado também para o encontro de objetos perdidos.
DEVOÇÃO NO BRASIL
Santo Antônio chegou ao Brasil com navegadores franceses que trouxeram sua imagem de Arguim, África.
Como protetor do Forte da Barra, Santo Antônio "impediu", na segunda tentativa de invasão, que os holandeses o tomassem, forçando-os a tentar entrar na cidade pelo lado de Santo Antônio Além do Carmo, onde foram definitivamente rechaçados.
Foi soldado, sargento-mor (major) Tenente-Coronel, conforme decretos Reais. Os soldos eram pagos ao Síndico do Convento de São Francisco e somente com a República as suas patentes e soldo foram cassados com o advento da República, em 1907.
E pelas graças concedidas a esta Cidade do Salvador, a primeira fortificação militar do Brasil, seguindo a tradição dos antigos faroleiros que aqui residiram, mais uma vez abre suas portas para louvar seu anfitrião, Santo Antônio de Lisboa.