Um casarão desabou na madrugada desta quarta-feira, 25, na Ladeira da Soledade, no Barbalho, Centro Histórico de Salvador. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, uma pessoa está soterrada e, como há risco de novos desabamentos, ainda não há como fazer a remoção da vítima.
O desabamento ocorreu em parte do primeiro andar do casarão. Três pessoas estavam no primeiro andar, dentre elas uma criança de um ano e dez meses, mas não ficaram feridas. Entretanto, duas pessoas dormiam no andar térreo, que foi atingido pela parte que desabou. Uma delas foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros, mas outra, que teria morrido, continuava soterrada por volta das 7h.
De acordo com a Capitã Rosângela Reis, do Corpo de Bombeiros, há risco iminente de novos desabamentos. "Conseguimos entrar no imóvel, mas as paredes estão inclinadas. Estamos tentando vias alternativas para chegar até a vítima. Até o momento, não conseguimos comunicação com ele", disse.
O trânsito foi bloqueado na região e toda a área do prédio, inclusive uma segundo entrada, que estava sendo usada pela imprensa e por outros moradores, foi interditada. Ainda sgeundo o Corpo de Bombeiros, nove pessoas moravam no casarão.
No momento do desabamento, José Carlos, que era travesti e conhecido pelo nome de Adriele, dormia no quarto do cabeleireiro Lourival Gonçalves, de 42 anos, conhecido como Diana. Segundo Lourival, tudo desabou sobre eles. "Uma pedra caiu sobre a minha perna e eu consegui tirar. Eu ouvi José Carlos gritando e pedindo socorro, mas muita coisa caiu sobre ele. Eu vi uma luz no teto, subi para o primeiro andar e consegui pular", disse. Lourival machucou a perna e a barriga, mas sem gravidade. Segundo ele, quando deixou o imóvel, José Carlos estava vivo.
Segundo a trabalhadora autônoma Fernanda Carvalho, de 28 anos, que dormia no primeiro andar com a filha, o prédio ficou estalando durante toda a noite. Por volta das 5h30, ele foi abaixo. "Na parte que desabou não tinha ninguém morando, mas eu fiquei presa, sem ter como sair, com minha filha", disse.
Ainda de acordo com Fernanda, em setembro do ano passado, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) emitiu um documento que transferia os moradores do casarão para outra casa, no Loteamento Jardim Campo Grande, no CIA. "Quando chegamos lá, a casa tinha sido invadida por traficantes. Com medo, nós voltamos. E a Codesal disse que não poderia fazer nada e que só o Ministério Público tiraria os traficantes do local. Apesar de saber do risco, a gente ia para onde?", questionou a moradora.
Vítima
Desde o momento do desabamento, um homem identificado como José Carlos dos Santos, de 40 anos, continua sob os escombros do casarão. Familiares da vítima afirmam que ele morava em Cajazeiras e que tinha ido passar a noite na casa de um amigo, que morava no imóvel. Ele sabia do risco, mas não deixou de frequentar o local.
Ainda sem saber se o sobrinho está vivo ou morto, a empregada doméstica Josefa Maria de Jesus, de 55 anos, está preocupada por não conseguir se comunicar ele. "É horrível", lamentou. A prima da vítima, Nislane Santos, não acredita que José Carlos esteja vivo. "Pelo tempo que ele está aí, não deve estar mais vivo", disse.
O prédio, com dois andares, já havia sido condenado por engenheiros da Defesa Civil de Salvador (Codesal), mas continuava sendo habitado. A parte frontal do casarão já estava escorada por conta do risco de desabamentos. No entanto, os moradores reclamam que na parte traseira, que serve de acesso diário para moradores de uma rua com mais de 70 casas, não havia nenhum tipo de proteção.