Salvador

JORNALISMO DÁ ADEUS A CHICO AGUIAR, UM DOS SÍMBOLOS DA "VELHA GUARDA"

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| 22/05/2011 às 12:28
Walter Pinheiro, Jaques Wagner e Chico Aguiar nos 40 anos da Tribuna da Bahia
Foto: TB

O diretor executivo da Tribuna da Bahia, Francisco Aguiar, será sepultado logo mais às 15h no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. Chico, como era carinhosamente chamado entre os colegas de profissão  faleceu às 21h30 de ontem, no Instituto Bahiano de Ortopedia e Traumatologia (Insbot).

Do Diário de Notícias à Tribuna da Bahia, Francisco Aguiar, sempre chamou atenção dos colegas de redação pelo espirito jovem e pelas brincadeiras. A experiência que acumulou ao longo de anos de batalhas nas fronteiras da notícia, o transformaram num exemplo a ser seguido pelos jovens que iniciaram suas carreiras na Tribuna. A ausência de Chico vai deixar uma lacuna nos corações dos jornalistas da Bahia.

40 ANOS DA TRIBUNA
DA BAHIA

Alessandra Nascimento

Tribuna da Bahia - O senhor iniciou sua carreira atuando como jornalista?
Francisco Aguiar -
Comecei minha carreira como jornalista. Estive ainda na década de 1950 trabalhando nos veículos Diário de Notícias e no Estado da Bahia. Depois, fui contratado para trabalhar na TV Itapoan. Usei de minha experiência no campo profissional para ajudar nos trabalhos de fundação da emissora. Exerci a função de chefe de Jornalismo e trabalhei ainda na Rádio Sociedade, que pertencia ao mesmo grupo dos Diários Associados. Também trabalhei no departamento de esportes da emissora. 
 
TB - Como foi o começo de carreira?
FA -
Muito árduo. Eu trabalhava de domingo a domingo. Assumi a missão de ser o primeiro chefe de jornalismo da emissora e o fiz. Sinto-me realizado pelo trabalho que desempenhei ao longo de minha carreira no mercado de comunicação da Bahia. Deixei o jornalismo para me dedicar a área comercial. E comecei a desempenhar esta função ainda na TV Itapoan. Lá, tive o espaço ideal para dar os meus primeiros passos na carreira de executivo
 
TB - Como foi sua vinda para a Tribuna?
FA -
Cheguei à Tribuna em 1978 para assumir o cargo de Diretor Comercial. Na época, Joaci Góes estava à frente. A Tribuna já se destacava dentre os demais veículos baianos pela seriedade do corpo funcional e também em virtude do talento da redação, composta por jornalistas, repórteres, editores, enfim toda uma equipe muito motivada e interessada.
 
TB - O jornal passou por momentos delicados. Comente um pouco sobre isso...
FA -
Exatamente. Foram momentos difíceis, mas conseguimos ultrapassar essa fase. Apesar de a Tribuna ter enfrentado problemas ao longo de sua história, foi sempre graças à garra e "expertise" dos funcionários, colaboradores e diretores que o jornal fez da superação sua marca. Hoje estamos vivendo uma nova fase. O jornal sempre teve respeito e credibilidade e hoje se destaca no cenário baiano, fazendo da informação sua maior arma.
 
TB - O senhor inovou no jornal trazendo o conceito de comercialização dos cadernos especiais?
FA -
Eu trouxe este conceito comercial para cá. Essa experiência foi fruto de trabalhos desenvolvidos no departamento comercial. Utilizei de minha vivência no mercado comercial baiano para lançar este produto no jornal. Minha experiência no segmento comercial foi fundamental no processo, além, é claro, da parceria com colaboradores e a redação. Devo admitir que se trata de uma proposta diferenciada. Conseguimos registrar nas edições especiais aumento em vendas e faturamento na ordem dos 60%. 
 
TB - Quais os momentos marcantes que o senhor presenciou cobertos pela Tribuna ?
FA - A eleição do governador Jaques Wagner, por exemplo. As pesquisas mostravam na época vitória de Paulo Souto
, mas quando saiu o resultado vimos exatamente o oposto. Com certeza este foi um momento marcante. Mas também gostaria de fazer menção a alguns colegas que passaram pela Tribuna e emprestaram seu talento. Tivemos Roberto Pessoa, Sérgio Gabrielli, que hoje é presidente da Petrobras, o escritor João Ubaldo Ribeiro, o publicitário Duda Mendonça, que participou elaborando campanhas para o jornal em datas festivas, e o saudoso Paulo Reis, que era encarregado do departamento financeiro na Tribuna.
 
TB - Que recado deixaria neste momento ao jornal nesses 40 anos?
FA -
Quero destacar a ousadia da Tribuna, que sempre se renova. Os projetos gráfico e editorial estão sempre se atualizando e renovando. Outro ponto marcante diz respeito às campanhas realizadas no jornal como o combate ao fumo e o apoio as Obras Sociais Irmã Dulce, mostrando a preocupação social do jornal. A Tribuna é um veículo que tem história e está presente nos lares baianos. Neste momento, quero agradecer a todos que passaram por aqui e contribuíram com o jornal e também felicitar aqueles que hoje se encontram no jornal, funcionários, jornalistas. Enfim, deixo a todos meus parabéns.