Salvador

COMISSÃO VAI DECIDIR DESTINO DA CARGA DE URÂNIO DA INB DE CAETITÉ

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| 17/05/2011 às 22:25
Estudantes de Caetité protestaram contra carga radiativa nas ruas de Caetité
Foto: iCaetité

Uma longa reunião realizada na hoje na Prefeitura de Caetité, decidiu-se pela formação de uma comissão, composta por membros da sociedade civil, representantes da INB, do Ministério Público Federal, das Prefeituras de Caetité e Guanambi, da Câmara de Vereadores de Caetité, entidades religiosas e do Sindicato dos Mineradores da INB, que deverá chegar a um consenso com relação ao destino da Carga de urânio, por enquanto depositada no pátio do Batalhão de Polícia Militar de Guanambi. 

Enquanto os participantes da reunião debatiam o problema, alunos do Instituto de Educação Anísio Teixeira e um grande número de populares realizavam uma manifestação na Praça Dr. Deocleciano Teixeira, defronte a Prefeitura, ostentando cartazes com dizeres contrários a entrada da carga no município.


Na reunião, representantes da INB sustentaram a versão antes divulgada em nota Pública que "as carretas estão transportando 90 toneladas de concentrado de urânio, de propriedade da Marinha brasileira e que esse material é o mesmo produzido na mina de Caetité". 

O objetivo, segundo o presidente da INB, Alfredo Tranjan, é criar um novo reservatório e retomar a capacidade de produção máxima, pois, no ano passado, a unidade de mineração não conseguiu atingir as 400 toneladas da meta anual, "não é lixo atômico, é urânio concentrado", garantem eles.  A versão da INB é contestada pelos ambientalistas que alegam tratar-se de lixo radioativo. Para o Professor, filiado ao PT Gilvane Caldas, "a relação promíscua entre a INB e a Prefeitura, tira a credibilidade da versão dada pela empresa".


FIEL DEPOSITÁRIO

O Professor Fabiano Cotrim, um dos representantes da comissão que definirá o destino da carga, avalia como positiva a reunião, "uma vez que manteve afastada a hipótese das carretas serem enviadas para Caetité. Representando o Prefeito de Guanambi na reunião, o Secretário de Agricultura e Meio Ambiente Joventino Neto, informou "que Guanambi não pode continuar como fiel depositário desse material" e pediu agilidade no processo. Já o Assessor Jurídico da Prefeitura de Guanambi, Dr. Euclides Júnior, "a situação é complicada", pois segundo ele, "o suposto réu nessa ação seria a INB, mas a empresa está disposta a receber a carga", ele vê o movimento de massa como o "o único entrave.


Durante a reunião, vieram à tona, graves denúncias com relação ao descumprimento das normas de segurança e proteção ao trabalhador por parte da INB, que merece uma apuração mais rigorosa do Ministério Público. 


Com relação às explicações dadas pela INB quanto ao conteúdo da carga e ao fim que se destina, o Sindicato dos Mineradores continua afirmando que "não há a mínima condição técnica de realizar a operação que se  propõe, pois esta operação nunca foi feita na unidade de Caetité e não há condições seguras para realizá-la". Os sindicalistas denunciaram ainda que a INB trouxe com a carga, 14  trabalhadores de outra unidade para executar o tal serviço, dos quais, apenas um pertence ao quadro efetivo da empresa, fato proibido pela Legislação que impede que terceirizados realizem atividades SIM, como manipulação de urânio.


Em meio a toda a polêmica, a carga continua estacionada no pátio do 17º Batalhão de Policia Militar de Guanambi, próxima ao muro, sem vigilantes no lado externo, portanto, sem nenhuma condição de segurança.


O Prefeito de Guanambi Charles Fernandes tem envidado todos os esforços possíveis para solucionar o impasse, "já há no município rumores de que a população deverá também sair às ruas para a retirada do material", como garante o Jornalista Fernando Alves da Rádio Cultura de Guanambi.
Nesta quarta-feira, a Comissão eleita na reunião voltará a se reunir para dar continuidade às negociações. "Qualquer que seja a negociação, aqui esta carga não entra", ameaçam os populares que montam virgília na estrada que dá acesso à INB para impedir a passagem das carretas.


Reportagem Jó Oliveira (ICAETITÉ)