Salvador

CRIMINALISTA DIZ QUE HOUVE ESPETACULARIZAÇÃO NA MORTE FLORO CALHEIROS

Com informações do Teixeira News
| 14/04/2011 às 09:09

Por Athylla Borborema

Criminalista Evaldo Campos
O ex-procurador da República e advogado criminalista com militância no estado de Sergipe, professor Evaldo Campos, concedeu uma entrevista com exclusividade ao radialista Benson Silva, no programa jornalístico Tribuna Popular da Rádio 99 FM de Itamaraju, ao meio-dia desta quarta-feira (13/04), e disse que seu cliente, Floro Calheiros Barbosa, o "Ricardo Alagoano", foi covardemente trucidado com tiros pelas costas e exibido hora com deboche, hora como troféu, sendo que a polícia trucidou também outros três jovens sem antecedentes criminais. A entrevista contou com a participação do comunicador Garcêz, analista de política do Tribuna Popular diretamente de Brasília.


O empresário Floro Calheiros Barbosa, o "Ricardo Alagoano", de 45 anos, o seu sobrinho Lucas Calheiros Barbosa, 21 anos, e o amigo Rafael  Costa Borges, 20 anos, foram mortos nas primeiras horas da manhã de domingo do último dia 10 de abril, em território do município de Barreiras, na região oeste da Bahia, em um confronto com policiais militares, agentes da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal.

Entretanto, no dia anterior na cidade de Gurupi, estado do Tocantins, a Polícia Federal já teria ferido a tiros o filho de Floro Calheiros, o jovem Fábio Calheiros Barbosa, 23 anos. 


O criminalista Evaldo Campos disse que a polícia montou um plano para matar Floro Calheiros desde 2003, tanto que os júris do seu cliente foram cancelados e adiados várias vezes, porque a polícia tinha medo que ele fosse inocentado, tendo em vista que 52,34% dos sergipanos já acreditavam na inocência de Floro. Mas o sistema policial preferiu persegui-lo lhe acusando-o de tantos outros crimes sem que ao menos tivesse conhecimento, objetivando dá fim à sua vida, a ponto de lhe trucidar num cenário onde três pessoas com duas pistolas teriam enfrentado 50 policiais armados com metralhadoras e fuzis. 

Fábio Calheiros - Internado

O Dr. Evaldo Campos destacou que mesmo que Floro Calheiros fosse bandido, ele teria que ser tratado como todo ser humano deverá ser tratado, com respeito. E informou que Floro foi morto com um tiro de fuzil pelas costas, cujo projétil transfixou no abdômen e, acrescentou que nenhum elefante é abatido para ser dominado, onde um simples tranqüilizante é capaz de imobilizá-lo. Portanto, ressalta o criminalista, que Floro estava marcado para morrer, tanto que foi abatido para que fosse exibido como troféu, e na sua opinião, faltou a perseguição do diálogo da justiça para resolver os impasses. E disse também que a família teria um dossiê deixado por Floro Calheiros, que implicaria o comportamento de muitas autoridades de Sergipe e da Bahia. 


"A ação da polícia foi um deboche. Jogaram a peruca em cima do corpo de Floro. Eram três pessoas, duas armas e mais de 50 policiais. Não podiam ter atirado para quebrar somente as pernas? Os meninos não tinham antecedentes criminais. Conheci Floro Calheiros há dois anos e ele conquistou a minha confiança. Eu sempre acreditei na inocência do meu cliente. Floro podia até não ser santo, mas era um homem íntegro, homem de palavra, muito mais do que muita gente grande aqui de Sergipe. Mataram Floro, mataram o sobrinho, atiraram no filho, mataram outro jovem amigo da família, mas não calaram a voz dos familiares, dos advogados e muita coisa ainda vem à tona", esbravejou o Dr. Evaldo Campos. 

Ele afirmou que a transferência de Fábio Calheiros logo após o ferimento para o Hospital da Polícia Militar, em Aracaju, foi feita de forma precipitada e desnecessária. "Não queríamos que Fábio fosse transferido, porque uma pessoa que recebe um tiro de fuzil e que é operado durante toda a manhã, não poderia ser transferido. Uma pessoa que se opera de hérnia passa três ou quatro dias no hospital, quanto mais quem recebe um tiro de fuzil. Porque trazer para Sergipe? É para servir de troféu", questionou o advogado.   

Lucas Calheiros - sobrinho morto
O advogado Evaldo Campos, ainda disse que visitou o filho de Floro, o jovem Fábio Calheiros, 23 anos, que está internado no Hospital da Polícia Militar de Aracajú, desde a noite do último domingo, dia 10. "Vou defender Fábio, inclusive estou entrando com um habeas corpus em seu favor. Fui vê-lo, mas não consegui contar nada para ele sobre a morte do seu pai. Disse apenas que estava do lado dele, brinquei que ele precisava emagrecer, ficar mais forte, ele me agradeceu e eu sai. A polícia, a direção do HPM, os médicos, todos foram muito gentis e liberaram a minha entrada", declarou o criminalista, dizendo ainda que não compareceu ao sepultamento de Floro Calheiros na manhã desta quarta-feira, dia 13, em Teixeira de Freitas, porque preferiu ficar em Aracajú dando apoio a Fábio e aguardando a irmã de Floro, Francisca Calheiros, que é médica e chega à capital de Sergipe para visitar o sobrinho.