As deficiências dos serviços de saúde em Salvador foram expostas em praça pública na manhã desta sexta-feira (8), no ato de lançamento da Caravana da Saúde e Cidadania - em defesa da saúde pública. A Praça da Piedade, no Centro da capital baiana, foi o palco escolhido pelas entidades sindicais e profissionais para abrir o debate com a população sobre a crise do sistema municipal de saúde. A ideia da caravana é percorrer os distritos sanitários cujos bairros são mais carentes em serviços de saúde, ouvindo servidores e usuários para traçar um diagnóstico da situação e sugerir soluções.
A presidente da Comissão de Direitos do Cidadão da Câmara Municipal de Salvador, vereadora Aladilce Souza (PCdoB), que também é vice-presidente da Comissão de Saúde e diretora do Sindsaúde-Ba, frisou que a iniciativa tem o objetivo de enfrentar a situação de crise dos serviços de saúde pública no Município e identificar saídas para melhorar a assistência à população. "É importante ouvir a comunidade e é por isso que estamos aqui abrindo esse debate. O bem maior que o cidadão tem é a saúde e a Constituição garante a todos este direito", declarou, deixando claro que desse processo sairá um documento a ser encaminhado ao prefeito e demais autoridades.
Tereza Deiró, diretora do Sindsaúde-Ba, uma das entidades idealizadoras da Caravana da Saúde e Cidadania, lembrou que os trabalhadores da Saúde não têm nada a comemorar no Dia da Saúde (7 de abril): "Só temos a lamentar. O PSF está enfraquecendo drasticamente em Salvador. Em Belo Horizonte a cobertura é de 95% da população e aqui chega apenas a 10%, o que representa menos de 300 mil pessoas".
O vice-presidente do Sindimed, Francisco Magalhães, defendeu "um SUS que realmente atenda aos interesses da maioria da população". A mesa do evento contou com as presenças, ainda, do representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Fernando Dantas; do padre André, da Pastoral da Saúde; de Antônio Manoel, presidente do Conselho Municipal da Saúde; de Lúcia Duque, do Sindicato dos Enfermeiros; e da Associação Rosa de Saron.
O padre André, ex-presidente do Conselho Municipal da Saúde, parabenizou as entidades pela iniciativa de lutar pela melhoria da qualidade dos serviços públicos de saúde e conclamou a todos a unir esforços para apoiar a Caravana: "É preciso mobilização para pressionar as autoridades a atenderem as reivindicações". Também diretor do Sindsaúde-Ba, Dijalma Rossi defendeu a construção de um hospital municipal em Salvador e chamou atenção para a crise da saúde em todo o estado: "Um reflexo dessa situação é o que chamo de ambulancioterapia. Os hospitais de referência de Salvador estão sobrecarregados com pacientes vindos de ambulância de todas as regiões do estado".
No debate em praça pública o povo teve a oportunidade de usar o microfone e dar sua opinião. O agente comunitário de saúde Ulisses Oliveira, por exemplo, desabafou: "Só temos direitos no papel. Na prática, não temos direito a nada, somos relegados a segundo plano".