Glauco Wanderley
Se ficar comprovado que foram estudantes da UEFS os autores do atentado que destruiu na noite de terça um veículo da empresa Princesinha, do transporte coletivo de Feira de Santana, eles poderão ser expulsos da universidade.
A expulsão é a penalidade máxima prevista nas normas da instituição e poderá ser aplicada, de acordo com o reitor José Carlos Barreto, que vai constituir uma comissão de sindicância. Naturalmente que a instituição dependerá das investigações a cargo da Polícia Civil, pois dificilmente terá condições de desvendar o crime.
O acontecimento dentro da universidade descontentou a reitoria, que vinha acompanhando o movimento estudantil. "Não aceitamos que a universidade seja usada como salvo conduto para este tipo de prática", afirmou o reitor José Carlos Barreto.
Na terça-feira pela tarde, quando os estudantes bloquearam a BR 116 Norte, o próprio vice-reitor Washington Moura estava presente, com ar de quem emprestava apoio ou solidariedade aos alunos, vítimas de mais um aumento.
Mas o incêndio no coletivo trouxe transtornos e incomodou a reitoria, que está em meio a um processo eleitoral onde José Carlos busca a reeleição e teme que o episódio contamine o processo. Na hora em que os delinquentes botaram fogo no ônibus ocorria um debate entre os candidatos, que foi suspenso.
Na tarde de ontem o reitor se reuniu com o secretário de Transportes, Flailton Frankles, que também está empenhadíssimo em esclarecer o assunto e já deixou claro que para ele os incendiários saíram do meio dos manifestantes que lutam contra o aumento. "Fecharam a BR e tentaram virar um ônibus na mão, sacudindo. Vinha aparecendo há alguns dias a pichação ‘Fogo no buzu' nos veículos", argumenta.
Segundo os funcionários da empresa que estavam dentro do coletivo no momento em que ele foi invadido por dois homens, não havia estudantes próximos. Em seguida, quando o incêndio já monopolizava as atenções na universidade, algum estudante gravou um vídeo em clima de comemoração, que foi postado no Youtube. O cinegrafista amador ainda comenta: "Um ônibus queimando na UEFS, os bombeiros querendo apagar. Ninguém quer que os bombeiros apaguem".
Mas o fogo foi bem feito. Os autores espalharam combustível antes de acender o fósforo. Do carro JOK 6976 adaptado para uso de cadeirantes não sobrou nada. Vidros e bancos desapareceram. Apenas a estrutura de ferro resistiu. A ação dos bombeiros serviu somente como medida de segurança para que não houvesse feridos.
A primeira atitude de lideranças estudantis como Jader Dourado e Iracema Santos foi dizer que poderia ter sido um acidente, devido ao precário estado de conservação de muitos veículos que transportam passageiros como gado em Feira de Santana. Mas diante das evidências e da própria reação da reitoria, que divulgou nota oficial condenando o ato, os estudantes mudaram o discurso e passaram a dizer que talvez o próprio Sincol tenha providenciado o incêndio. Iracema admite que podem ter sido estudantes, mas ressalva que pode ter sido qualquer um, "porque há um clima de revolta contra o aumento". Mas garante que o movimento não avaliza a ação, que seria uma iniciativa isolada.
Não avaliza, mas não soube emitir uma nota pública condenando. (Com informações do site Dia Bahia)