Salvador

OPERAÇÃO DA SETAD INIBIU TRABALHO IRREGULAR DE JOVENS DURANTE CARNAVAL

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| 11/03/2011 às 14:48
 

 O objetivo da Secretaria do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão (Setad) de combater o trabalho infantil durante o Carnaval de Salvador, através de ações articuladas com o Poder Público e Sociedade Civil Organizada, foi bem sucedido. Nos cinco dias de festa, as equipes formadas por assistentes sociais, pedagogos, educadores e pessoal de apoio da secretaria fizeram 2.522 abordagens ao longo dos circuitos Dodô e Osmar, cadastraram, com o consentimento dos pais, 391 menores na faixa etárea de 4 a 12 anos, e abrigaram 48, mantendo-os sob cuidado e proteção enquanto seus familiares trabalhavam. Outros 68 menores foram levados para casa de parentes de seus pais e, além do acolhimento, receberam kits de alimentação (cestas básicas).

No total, a Setad distribuiu 97 kits de alimentação e, em média, as equipes, comandadas pela coordenadora geral do grupo que atuou no carnaval, a assistente social Daniela Cova, realizaram 504 abordagens por dia no período de sexta- feira a terça- feira.


"A exemplo dos anos anteriores, deparamos com um grande contingente de crianças e jovens levados pelos pais para o circuito do carnaval com a finalidade de ajudá-los no trabalho. Dos 391 cadastrados, constatamos que 56 atuavam como catadores de latas e material reciclável, 115 vendiam algum tipo de produto, sós ou acompanhados dos pais, e 8 realizavam as duas tarefas. No total, entre acolhimento nos abrigos e em casa de parentes, conseguimos retirar das ruas 116 jovens, que puderam ter um carnaval tranqüilo, longe dos perigos das ruas. As crianças e adolescentes que não pudemos abrigar por falta de consentimento dos pais foram monitoradas todos os dias por nossas equipes para evitar que fossem utilizadas para realizar trabalho irregular", explica Daniela Cova.


Como o trabalho das equipes da Setad era de caráter preventivo e educativo as ações de acolhimento dependiam da autorização expressa dos pais dos menores e muitos deles recusaram apoio formal. Em alguns casos, relata a subcoordenadora da operação, Emanuele Almeida Rodovalho, as equipes da secretaria chegaram a sofrer ameaças físicas no momento das abordagens. A situação mais grave aconteceu na Rua Afonso Celso, na Barra, onde pessoas que vieram do interior do estado para trabalhar no carnaval montaram um acampamento. Nesse local, além de não aceitar o contato do pessoal da Setad, alguns até ameaçaram com agressões. " Naquele contexto, mesmo contando com apoio policial, tivemos muita dificuldade para executarmos nossas atividades. Felizmente, não aconteceu nada de grave e pudemos realizar um bom trabalho" salienta Emanuele.

Outra questão que deverá merecer profunda reflexão da área social da Setad, segundo o secretário Emerson Palmeira, é a forma de abrigamento das crianças e adolescentes no próximo carnaval e nos grandes eventos realizados em Salvador. Ocorre que este ano boa parte dos abrigados demonstrava muita agressividade e se recusava a aceitar as determinações das equipes dos dois postos de acolhimento, que funcionaram na Escola Paroquial Santana e na Escola São Domingos Sávio nos bairros de Nazaré e Ondina, respectivamente.

" Fiquei satisfeito com o resultado final da operação carnaval, pois tivemos o reconhecimento dos pais que nos confiaram os filhos para que tomássemos conta e ou levássemos para a casa de parentes. Mas, nosso objetivo é de longo alcance, por isso temos que aproveitar eventos de porte como o carnaval para passar conceitos de educação, cidadania e de respeito ao próximo para os adolescentes que abrigamos, ensinamentos que eles possam assimilar bem e vivenciar ao longo da vida. Deveremos, ainda, intensificar nossa parceria com o Ministério Público para que nos auxilie nos locais mais problemáticos de abordagem, bem como para coibir ações violentas dos jovens mais rebeldes e que não querem se submeter às regras de convivência no período em que estiverem abrigados", destaca o secretário Emerson Palmeira.