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O ambientalista baiano e ex líder estudantil, Marcell Moraes , atual presidente da ONG ambiental mais antiga da Bahia, o GERMEN, foi acenado pelo cineasta argentino Carlos Pronzato a ter contada em um documentário uma fase conturbada de sua vida. Em 2004, por ter feito um protesto aguerrido contra a Faculdade de Artes, Ciência e Tecnologia (Facet) devido a um suposto aumento abusivo de mensalidades, Moraes chegou a ser condenado a três meses de prisão por crime de injúria.
A condenação foi considerada inédita em todo o mundo e, além disto, trata-se do mais veemente caso de perseguição estudantil desde que a Ditadura Militar no Brasil foi encerrada. Marcell Moraes recorda que naquele ano era presidente do Diretório Central Estudantil (DCE) da Facet e encabeçou o movimento que contestava os reajustes e irregularidades das faculdades da Bahia.
A direção da faculdade, onde o mesmo presidia o DCE ,aplicou uma suspensão de 15 dias no então estudante de Administração de Empresas,por fazer uma manifestação. Posteriormente, a suspensão foi derrubada na Justiça por meio de uma liminar que acusava a Facet de arbitrariedade. Os protestos voltaram a toda e, durante uma das novas manifestações, Moraes deu uma declaração ao microfone e jornalistas em que classificava a administração da faculdade de “péssima”.
Acabou sendo processado por injúria e difamação e teve sua saída da presidência do DCE exigida pela Facet. “Em um processo incrível que durou três meses eu fui condenado a 3 meses de prisão. A pena alternativa era pagamento de 30 salários mínimos”, lembrou. Metade do valor, cerca de R$ 8 mil, foi arrecadado em uma movimentação intensa de estudantes pela cidade. O processo continuou a correr em outras instâncias e a notoriedade de seu nome fez com que Marcell virasse personagem de um caso de repercussão na mídia nacional e internecional.
O cineasta pretende entrevistar todos os principais personagens envolvidos na história, inclusive a direção da Facet e também a juíza Auristela Dias, que coincidentemente foi afastada após o julgamento-relâmpago do líder Estudantil.
Marcell Moraes acredita que o filme terá um valor simbólico em mostrar aos estudantes de agora que a luta contra a mercantilização da educação sempre vale a pena. “Os estudantes hoje estão muito parados. Muito do que nós conseguimos no país hoje, como redemocratização no Brasil e a criação, por exemplo, do fora Collor, foi por conta dos estudantes. DCE é para lutar e esse documentário vem para mostrar que vale a pena lutar, não podemos nos curvar a esses donos de faculdades ,vamos dizer não a mercantilização da educação, assim como o não desmatamento da nossa cidade, onde temos governantes omissos ”, defendeu. O lançamento do filme está agendado para o próximo dia 11 de agosto. Não coincidentemente, Dia do Estudante e aniversário de 7 anos de posse de Moraes no DCE da Facet.