Depois de ter solicitado inúmeras vezes ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para concluir as obras da BR 116, o prefeito de Abaré, Delísio Oliveira (PMDB) e os moradores da região prometem fechar a pista no próximo dia 15 de dezembro.
O motivo são os constantes atropelos e acidentes que acontecem na zona urbana do distrito de Ibó por onde a plataforma passa e haverá a interdição. Nesse trecho, uma ponte que corta o Rio São Francisco e liga o Estado da Bahia à Pernambuco foi dada como encerrada há dois anos sem sequer ter feito a desapropriação de casas que ficam às margens da rodovia, sem construir uma via secundária para o trânsito do entorno e qualquer tipo sinalização da estrada.
O serviço que teria custado R$21 milhões do Governo Federal demorou cincos anos para ser entregue inacabado. "É um absurdo liberar uma obra dessa forma numa área super habitada onde tem muitas escolas públicas. Tem duas casas com três metros de distância da pista. O fluxo de veículos aqui é de três mil caminhões por dia de quinta a domingo e o que se vê é populares, vítimas de acidentes na porta de suas casas", disse o prefeito peemedebista.
Cansado de assistir a acidentes terrivelmente trágicos, sem obter retorno por parte do DNIT, Delísio conta porque decidiu apoiar os moradores de Ibó no bloqueio da BR 116. "Cansei de ir ao DNIT, de enviar ofícios e participar de reuniões solicitando a conclusão das obras e nada. Recorri até ao senador César Borges que se empenhou e nem assim fomos atendidos. Ninguém quer isso, mas diante de tantas vidas perdidas não resta outra alternativa a não ser fechar a BR por tempo indeterminado para que não morra mais gente. Já morreram seis pessoas".
Recentemente, um caminhão atropelou um vaqueiro que estava de moto e o corpo foi esmagado de tal forma que ficou estirado na pista, de acordo com Delísio. "Não é justo que vidas continuem sendo ceifadas pela falta de compromisso do DNIT, do Governo ou de quem quer que seja. Não serei conivente e nem é justo que quatro mil habitantes de Ibó tenham que viver sob a ameaça de sofrer um acidente a qualquer momento".
Quando o serviço incompleto foi liberado, logo em seguida os moradores da região bloquearam o acesso exigindo o término da obra. "Isso foi em 2008. Logo depois a pista foi bloqueada pelos moradores numa tentativa de pressionar o término da obra. Chegou a ser feito um acordo com o DNIT na ocasião, porém nunca foi cumprido".
O Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado em 11 de agosto de 2008 entre o DNIT, procuradoria federal e o prefeito de Abaré, município que fica a 536 KM de Salvador detalhava as ações previstas para que a obra fosse dada como concluída. Entre as quais: a construção de uma nova faixa de pedestre para a travessia da ponte, a construção de um acostamento no trecho próximo à ponte, a construção de avenidas paralelas à rodovia e ainda, a construção de lombadas e quebra-molas no trecho urbano da BR, para forçar a diminuição da velocidade dos veículos pesados.