Mais que provocar a reflexão a cerca do ser negro, dos acontecimentos históricos que marcaram a raça e de todas as razões que possam orgulhar a pessoa por ter na pele a cor predominante da população brasileira, a Associação Cultural do Movimento Negro Afoxé Pomba de Malê tem o propósito de manter viva a cultura negra em Feira de Santana, através das atividades que desenvolve no bairro Rua Nova.
Fundada em 1985 pelos reggaems Dionorina, Gilsam e Jorge de Angélica, atualmente as principais ações da entidade estão relacionadas ao projeto de inclusão social Atiba. Além de aulas de nível fundamental e médio para pessoas que por alguma razão pararam estudar, são oferecidas aulas gratuitas de dança e música afro. Todo o trabalho é desenvolvido por mais de 30 professores voluntários, na escola Ernestina Carneiro, nome que homenageia a marcante Dona Pomba.
É através dessas ações que o presidente da Associação, Renildo Ribeiro Souza, afirma que a entidade tem alcançado o seu objetivo. "Vivemos em um mundo globalizado onde as culturas tendem a caminhar juntas. Na Rua Nova tem entrado outras culturas e, ainda assim, temos mantido a cultura negra sem sufocar as demais e sem que ela seja sufocada. O que não podemos é esquecer que somos uma comunidade de origem negra e quilombola", frisa.
Renildo Ribeiro afirma ainda, não como presidente da Associação, mas como morador, que a cultura negra permanece presente no dia-a-dia do bairro; seja na maneira como as pessoas se vestem, nas tranças dos cabelos, no modo como falam, nos hábitos alimentares ou na religião. Com a pele morena e o cabelo liso, ao ser questionado se considera negro, é incisivo: "E quem na Bahia pode-se dizer ariano?".
Orisa Gomes (Blog da Feira)