Salvador

MERCADO DO PEIXE REABRE AS PORTAS COM GRANDE EXPECTATIVA

Vide
| 26/09/2010 às 13:19

Em meio ao burburinho e agitação do dia-a-dia, o Largo da Mariquita é referência e ponto central do Rio Vermelho. O termo Mariquita, segundo historiadores, provém do tupi e significa "lugar que dá peixe miúdo", descrição da petitinga, que costumava aparecer em grandes quantidades em algumas épocas do ano, sendo muito pescado na praia local. É no largo que se encontra um dos pontos de lazer tradicionais do Rio Vermelho, o Mercado do Rio Vermelho, popularmente conhecido como Mercado do Peixe.
Tradicional ponto de encontro dos soteropolitanos para um happy hour, ou para uma esticada noturna onde se encontrava os pratos tradicionais dos butecos, como mocotó, sarapatel, rabada, feijoada e frutos do mar, dentre outros, o Mercado do Peixe vivia um intenso movimento que começava nas sextas-feiras à noite e só terminava na segunda pela manhã. Inicialmente foi construído com o intuito de comercializar pescados trazidos do mar pelos pescadores, mas, com o tempo, transformou-se em um novo ponto de lazer.
No entanto, ao longo dos últimos anos, o mercado atravessou uma fase de decadência, perdendo o brilho dos anos anteriores. A falta de segurança, as péssimas condições de higiene e de infraestrutura no local foram afastando os usuários, principalmente, os seus freqüentadores noturnos.
Agora, após cinco meses de obras, a Prefeitura do Salvador entregou à população o Mercado do Peixe totalmente revitalizado, com uma nova estrutura, paisagismo, estacionamento, sanitários modernos e adaptados para pessoas com deficiência, iluminação cênica e mais potente, além de ter ampliado o número de  Box, de 32 para 36, dotando-os de estrutura para atender às demandas do novo mercado.
 
Expectativa
Fruto de uma Parceria Público-Privada (PPP) com a cervejaria Schincariol, foram investidos na reforma um total de R$ 3 milhões, e agora a população já está voltando a freqüentar o local. No primeiro final de semana após a inauguração, que contou com a presença do prefeito João Henrique, já se percebia a intensa movimentação do local. 
O vendedor Alex Cardoso, 26 anos, morador da Federação, foi conferir como ficou o Mercado do Peixe após a reforma, e gostou. Ele tinha ido ao mercado no sábado passado, mas não conseguiu estacionar o carro, porque o movimento já era grande. "Com a reforma, o local ficou bem melhor", comemora. Já a moradora de São Caetano, Idermile Pereira, 20 anos, que acompanhava Alex, não conhecia o mercado, mas já fazia planos de voltar mais vezes ao local. "Gostei muito daqui", opinou.
Para a turismóloga Cristina Eigenmann, que apreciava o pôr-do-sol no local acompanhada do marido suíço e da filha, a reforma deu outra vida ao local. Morando na Suíça há dez anos, e com um apartamento no Rio Vermelho, onde passa as férias, Cristina lembra do período de decadência do Mercado. "Acredito que agora o movimento volte a ser o que era", diz ela.
Outro freqüentador assíduo do local, o contador Luiz Carlos Junior, 29 anos, disse que vai voltar a ir ao Mercado, já que agora está limpo, o ambiente é mais agradável e os próprios permissionários estão mais motivados.
Ao cheiro da muqueca de peixe, o permissionário do Box 11, José Batista dos Santos, está otimista. Para ele, o movimento no final de semana já está se igualando aos tempos áureos do Mercado. No seu Box, há opções para todos os gostos: frutos do mar, mocotó, rabada, picanha e carne no sol na chapa, feijoada, dentre outras iguarias. "A expectativa é a melhor possível", diz, otimista. Tanto otimismo, inclusive, já o fez contratar seis cozinheiras para preparar os pratos que oferece no cardápio.
Para o proprietário do Box 7, José Antonio dos Santos, o importante para atrair e manter a clientela no local é garantir uma boa manutenção da infraestrutura do local. Segundo ele, há alguns ajustes a ser feito no Mercado do Peixe, mas o que pode aumentar as vendas é a conclusão das obras do local, que foram embargadas pela Justiça. O projeto completo prevê a urbanização de um total de 14.253 metros quadrados.
No projeto original, estavam previstos a construção de um mirante; um memorial a Diogo Álvares Correia, o Caramuru; um centro de artesanato; um restaurante panorâmico e a nova colônia de pescadores. O conjunto só não foi concluído porque a Justiça Federal embargou as obras sob a alegação de que a construção estava sendo feita sobre a areia da praia. A Prefeitura já ingressou com recurso na Justiça contra a decisão que suspendeu o restante das obras.
Para José Antonio, a construção do projeto original vai possibilitar a vinda de mais turistas para o local, uma vez que haverá mais opções de lazer, de comprar produtos artesanais etc. "Isso ajudaria a aumentar as vendas do Mercado do Peixe", avalia.
Já o permissionário Valdemar Anunciação, que explora o Box 27, a expectativa é que o novo mercado venha resgatar a popularidade que desfrutava o local antes de entrar em decadência. "A clientela já estava se afastando do local em razão das péssimas condições em que vinha funcionando o mercado", lembra ele, acrescentando que os freqüentadores estão chegando aos poucos. "Como estamos entrando no Verão, acredito que a demanda aumente bastante nos próximos meses", avalia.