A luta de combate ao racismo, à discriminação e à intolerância racial e religiosa, segundo o vereador Gilmar Santiago (PT), o inspirou a dedicar a Medalha Zumbi dos Palmares a Raimundo Nonato Pereira da Silva, o Taata Lubitu Konmannanjy. A honraria foi entregue em sessão solene da Câmara Municipal na quarta-feira (22) à noite, com o Plenário Cosme de Farias lotado pelo povo de santo.
"Desde a sua adolescência, Raimundo Pereira tem se destacado pela militância, promovendo e afirmando a herança africana na nossa terra", frisou Gilmar Santiago. Ele contou que em 1986 o homenageado recebeu o nome africano de Taata Lubitu Konmannanjy, que significa "o Porto" na língua Umbudu e "a Chave" na língua Kimbundu.
Filho de família simples de Salvador, Raimundo Nonato trabalhou como chapeiro, lavador de ônibus, vigia noturno, ajudante de pedreiro e eletricista, mas sem perder de vista o interesse em conhecer a fundo a história dos seus antepassados, a língua e a cultura da nação Angola. Em 2000 articulou a criação da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu, a Acbantu, que preside.
A instituição, hoje presente em diversos estados brasileiros, promove ações nas áreas de educação, saúde, profissionalização, promoção social, segurança alimentar e preservação do patrimônio material e imaterial. O interesse pelo estudo das raízes do povo negro levou Taata, também, a se formar em história e a ser um pesquisador da cultura Bantu na diáspora africana.
Exemplo de Zumbi
Taata Konmannanjy agradeceu a homenagem da Câmara dizendo-se emocionado pelo simbolismo da honraria que leva o nome do herói negro Zumbi dos Palmares. E ressaltou a importância do exemplo de Zumbi servir de espelho para a resistência dos negros contra as desigualdades raciais e sociais.
O homenageado foi conduzido ao Plenário pelo vereadores Moisés Rocha e Marta Rodrigues, ambos do PT; pela secretária estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, Arani Santana; e pelo neto Raoni.
A mesa da sessão foi composta com as presenças da secretária Arani Santana; da Mameto Zulmira, que entoou o cântico para o Inquise Zazi; do cacique Akanawã Pataxó; da superintendente da Conab, Rose Pondé; do professor Ubiratan Castro, presidente da Fundação Pedro Calmon; do vice-prior Almir Menezes, da Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo; da irmã Maria de Fátima da Silva, representando a família; e do toté Marcelino.