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"As pessoas acham que tem o direito de se preocupar com as outras, mas eu só quero ter o direito de morrer". O desabafo é de um paciente que, sem "coragem" para praticar o suicídio, resolveu deixar-se morrer por falta de alimentação, mas foi encaminhado ao hospital com uma ordem judicial que obrigava os profissionais de saúde a dar-lhe comida e medicamento. O filme "Solitário anônimo", que conta sua história, foi exibido e serviu como eixo de debate no I Seminário Integrado de Nutrição e Psicologia e II Simpósio de Nutrição, que aconteceu hoje (9), no Hospital Geral Roberto Santos.
A atitude do profissional de saúde diante de um paciente que se recusa a se manter vivo envolve não apenas habilidade e experiência, mas sobretudo ética, como deixou claro o médico Ronaldo Jacobina, professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFBA. "Trazer a discussão ética e a reflexão moral é fundamental", disse o professor, palestrante na mesa redonda "Quando o paciente decide não se alimentar: o que fazer?", coordenada pelo psicólogo Décio Neto, do Serviço de Psicologia do HGRS.
O I Seminário Integrado de Nutrição e Psicologia é mais um evento que reúne diferentes áreas de atuação no Hospital Roberto Santos. A integração, o pensar e o fazer conjunto, tem sido uma prática estimulada pela direção do hospital, como forma de enriquecer o cotidiano da assistência e aprofundar o conhecimento dos profissionais, visando a beneficiar sempre mais o paciente. Em maio, foi realizado o I Congresso Integrado de Enfermagem e Serviço Social, com o tema "O Poder do Cuidar e os Direitos do Usuário no SUS".
Teatro e amamentação
O evento, com mesa de abertura presidida pelo diretor Administrativo, Lerley Clemant Ladeia, representando o diretor Geral do HGRS, Paulo Barbosa, contou com outras mesas redondas, que discutiram desde as perspectivas atuais do exercício profissional de nutricionistas, médicos e psicólogos, com representantes dos Conselhos Regionais das categorias, até os transtornos alimentares em crianças e adolescentes. Também foram discutidos os temas "Tratamentos nutricionais e psicológicos no limite entre a vida e a morte", "Desnutrição hospitalar infantil" e "aleitamento materno".
Este último tema contou com o recurso lúdico do teatro de fantoches, em uma peça criada e encenada por profissionais do setor de Terapia Ocupacional. A peça, que conta a história de uma mãe de "primeira viagem" com dificuldade para alimentar a filha, foi criada há mais de um ano pelo grupo de terapeutas ocupacionais, para explicar, em termos didáticos e de fácil compreensão, como vencer possíveis problemas na hora de amamentar um recém-nascido.