O governador Jaques Wagner recebeu, hoje à tarde (26), lideranças dos barraqueiros de Salvador e Lauro de Freitas, que estavam acompanhados da prefeita Moema Gramacho. Na reunião de quase duas horas, os barraqueiros fizeram um relato minucioso dos fatos e a situação "de desespero" em que se encontram.
Os comerciantes deixaram o gabinete do governador satisfeitos. "Saímos esperançosos. Ele foi muito atencioso. Relatamos as etapas do processo, as negociações e os episódios dessa luta e percebemos que ele ficou muito sensibilizado", afirma Carlos Luis Fritsch, presidente da Associação de Barraqueiros de Lauro de Freitas. Uma das alternativas propostas na reunião é uma bolsa auxílio enquanto se estuda uma forma de retomar a atividade.
Segundo Moema, também se discutiu a possibilidade de um novo projeto que atenda as determinações do Ministério Público Federal. "O governador vai fazer tudo o que for possível para amenizar de imediato o impacto dessa situação na vida das famílias que dependiam dessa atividade", assegura a prefeita.
Cada liderança representava um trecho da Orla, de Tubarão a Lauro de Freitas. Os relatos mostraram que ainda não se tem a dimensão exata do impacto da demolição das barracas. No Tubarão, por exemplo, uma creche com 131 crianças, nove delas recém-nascida, que é mantida por uma das barraqueiras da região, está ameaçada de fechar. Marisqueiras, pescadores e toda a cadeia de fornecedores serão afetados, com demissão de funcionários e queda nos rendimentos. "As barracas de praia representam 80% do mercado da pesca artesanal. Como esses pescadores vão sobreviver?", questiona Fritsch.
IPITANGA - Na Orla de Ipitanga o clima ainda é de tensão, apesar da ordem de suspender a demolição temporariamente dada pelo desembargador Olindo Herculano de Menezes, presidente do Tribunal Regional Federal 1ª Região. Os barraqueiros continuam reunidos em frente aos seus comércios temendo serem surpreendidos pela ação da Sucom e Polícia Federal. Embora não tenha se concretizado, a ameaça de demolição já provoca reflexos nos negócios. Barraqueiros e fornecedores estão apreensivos, donos de hotéis temem o que ainda está por vir.
Depois de destelhar sua barraca, tirar todo o madeirite e recolher tudo o que havia dentro, Carlos Fritsch, dono na barraca Tchê, se mostra mais animado depois do encontro com o governador. "Parece que passou um furacão por aqui, mas mesmo assim as barracas ainda estão de pé. Rezo a Deus que tudo isso passe e possamos voltar para os nossos comércios", disse. Preocupação também para o segmento hoteleiro. De acordo com Verena Andrade, supervisora do Hotel Marina Riverside, um dos maiores do município, a derrubada das barracas irá interferir sensivelmente no movimento no hotel.
"Somos uma cidade litorânea. A maioria dos turistas vem aqui por que pode usufruir das praias e de sua estrutura", frisou. Caso a derrubada se concretize em Ipitanga, ela teme a chegada do próximo Verão. "Será muito ruim para os barraqueiros, para os hotéis, fornecedores e toda a população local", enfatizou. O dono da Pousada e Restaurante Schwengber, Sadi Nogueira, que fica bem defronte a praia, considera que os estabelecimentos são uma opção de lazer não só para o turista, mas também para toda a população. Solidário aos barraqueiros, ele disponibilizou a área da pousada para que os comerciantes guardassem seus pertences. "Tudo isso está sendo um horror! Tenho muito medo do que ainda pode acontecer", disse o administrador.