Salvador

BARRAQUEIROS SAEM DA CÂMARA E PROMETEM INCENDIAR AS BARRACAS

Vide
| 20/08/2010 às 16:44
Barraqueiros protestaram durante coletiva
Foto: Valdemiro Lopes
Por Marivaldo Filho
 

Acampados na Câmara Municipal de Salvador desde a última quarta-feira, os barraqueiros decidiram deixar a Casa Legislativa, após a coletiva realizada no Plenário Cosme de Farias. Depois de receberem a notícia de que as barracas serão derrubadas na próxima segunda-feira, às 5h da manhã, eles prometeram colocar fogo em todas as barracas. "Se aparecer um trator nós vamos botar fogo nas barracas", avisou o presidente da Associação dos Barraqueiros, Alan Rabello. 
O vereador Alcindo da Anunciação (PSL) falou em nome da comissão de vereadores, durante a coletiva. "Estamos do lado dos barraqueiros e de suas famílias. Apoiaremos a luta dessas quase 30 mil pessoas que vão ser prejudicadas com a demolição. A prefeitura precisa dar uma alternativa para eles", disse o vice-líder da oposição.

Questionado pelo Bahia Já se não seria desconfortável continuar na vice-liderança do governo da Câmara e continuar na luta contra a demolição das barracas, Alcindo foi incisivo. "Coloco o cargo de vice-líder a disposição. Não queria ser vice-líder mesmo. Não vou ficar refém por causa disso. Sempre vou discutir e brigar pelo o que eu acho certo. Mantenho a minha postura independente", declarou.

Durante a entrevista, o superintendente da Sucom, Cláudio Silva, ligou para o vereador. Segundo ele, a demolição das barracas foi confirmada pelo superintendente que teria dito que não há possibilidade de voltar atrás.

Clima tenso


O clima foi tenso e vários barraqueiros passaram mal diante da falta de um acordo com a prefeitura, sendo que dois deles desmaiaram e foram atendidos por equipes do Salvar e SAMU, o que acirrou ainda mais a revolta dos manifestantes.
Em frente à sede da prefeitura, quando tentavam uma audiência, os barraqueiros, acompanhados por vereadores, foram avisados pelo coronel Ademário Xavier, chefe do Gabinete Militar, que o prefeito João Henrique estava assinando um ofício à Superintendência do Patrimônio da União na Bahia e à Procuradoria da República na Bahia, suspendendo a ação. O documento, entretanto, foi classificado pelo advogado dos barraqueiros, João Maia, como "uma vergonha, sem qualquer utilidade prática".
No ofício, dirigido à superintendente Ana Villas Boas e ao procurador Danilo Pinheiro Dias, o prefeito deixa claro que  "o Município de Salvador, sendo réu do processo, não tem mais qualquer medida processual capaz de reverter a situação". Segundo o advogado, o Município não é réu e sim o autor do pedido de demolição: "Cabe recurso sim. Mas agora é na areia da praia que vai continuar a luta".
Emocionada, Vera Guimarães, mãe de cinco filhos, que trabalha há 19 anos na praia de Tubarão, anunciou a decisão dos colegas de se acorrentarem, com os filhos, nas barracas para impedir a demolição. A informação que chegou à categoria foi que a demolição começará nesta segunda-feira (23). "Na reunião de quinta-feira (19) o superintendente da Sucom, Cláudio Silva, garantiu que ainda não tinha programação para as demolições", frisou o presidente da Associação dos Comerciantes de Barracas da Orla, Alan Rabelatto. Segundo ele, a proposta da prefeitura, de traillers para substituir as barracas, só cabe para as que já foram demolidas, e com ajuda financeira do Município.