O prefeito da cidade de Guaratinga (a 699 km de Salvador, no extremo sul da Bahia), Ademar Pinto Rosa (PMDB), alega que um erro de digitação foi o responsável pela falsa informação de que, entre os dias 15 e 17 de junho deste ano, a cidade foi atingida por chuvas cujo índice chegou a 280 mm. Com base na informação, o Ministério da Integração Nacional repassou verba de R$ 2 milhões para o município.
De acordo com o Instituto Nacional de Metrologia (Inmet), nesse período caíram apenas 0,2 mm de chuvas na cidade. A prefeitura se valeu do índice falso para emitir um Decreto de Emergência, responsável pelo repasse da verba - que teve uso proibido pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Ademar não soube informar quem teria cometido o "erro de digitação" no decreto de emergência. O assessor da prefeitura, Erinaldo Oliveira, atribui o suposto equívoco à "assessoria do prefeito".
Segundo o promotor público estadual Bruno Gontijo Teixeira, autor da ação civil pública que proibiu movimentações na quantia repassada ao município, "tudo não passou de um engodo, pois o prefeito valeu-se de uma chuva que não existiu para fundamentar a situação de emergência que lhe possibilitou firmar contrato de alto valor com seus apadrinhados".
De acordo com informações do Inmet, de janeiro a 11 de agosto deste ano caíram 463 mm de chuva em Guaratinga. Junho foi um dos meses menos atingido, com apenas 13,9 mm. O mês mais chuvoso foi março, com 221,3 mm. A informação foi dada à própria prefeitura de Guaratinga pelo chefe do Inmet em Salvador, Eduardo Gonçalves Morais.