Lençóis é um símbolo na Chapada Diamantina.
Para mim, aquele mercado na entrada da cidade (Mercado Cultural) na antiga Praça dos Nagôs, retrata um pouco do local. Erguido no final do século XIX, hoje, ocupado por artesãos e artistas locais e outros tantos que adotaram Lençóis como sua morada, o mercado é um ponto de contemplação do rio seguindo adiante sua trilha, do casario, da paisagem além montanha e das pessoas.
Quantas vezes se visitam Lençóis e está o velho mercado e sua gente a nos receber. Imutável. É como se dissesse: - Eu estou aqui, sejam bem vindos e voltem sempre porque daqui ninguém me removerá.
É isso. Os anos passam e Lençóis, mesmo experimentando pequenas mudanças aqui e acolá, conserva seu casario, suas ruas estreitas, a Praça Horário Matos, as igrejas de Nossa Senhora do Rosário e a do Senhor dos Passos, o belíssimo prédio que abriga a Prefeitura e os templos onde viveram os coronéis dos diamantes no fausto do extrativismo na Chapada.
O que causa vergonha é aquele lixão na rodovia de acesso à cidade. Cartão postal dos mais insalubres.
E o que se faz em Lençóis além de contemplar a história e conhecer um pouco mais dessa importante fase da história da Bahia, o período dos diamantes e dos coronéis e aventureiros que queimavam dinheiro para acender um charuto?
Há inúmeras trilhas e passeios pelos arredores da cidade, desde uma visita a Gruta do Lapão, ao serrano e salões de areia, a cachoeirinha, ao poço Halley, ao Ribeirão do Meio, a Cachoeira do Sossego e até ao Vale do Paty que vai fazer contraponto com o Vale do Capão, no município de Palmeiras.
É claro que para se fazer alguns desses percursos o visitante precisa ficar pelo menos entre 5 e 8 dias na cidade. E também gostar, curtir esse tipo de turismo porque exige paciência, caminhadas, contato com a natureza, depende do tempo e assim por diante. Não é um show ou atração musical que se compra ingresso com hora marcada. De repente, se chove, e na região isso é comum em determinada época do ano, esse tipo de passeio praticamente fica inviável.
Outro detalhe é que, quando chove, as águas dos rios sobem bastante e as trilhas ficam sem atrativos das pequenas lagoas e pedregulhos, além do que se tornam perigosas.
Sempre é bom fazer esse tipo de passeio com guias.
Lençóis, na parte urbana, o melhor é a contemplação. Ficar sentado na Praça Horário de Matos tomando um drink ou comendo uma comidinha local e jogando conversa fora, observando os casarões e a vida das pessoas.
Existe, ainda, a casa de Afrânio Peixoto morou um dos mais importantes lençoenses. Reconstruída em 1970, abriga informações especializadas em Afrânio Peixoto, com museu, bibliografia e outras obras. Afrânio Peixoto foi membro da Academia Brasileira de Letras. Diplomas, fotografias, gravuras, o fardão e até a escrivaninha usada pelo escritor podem ser conhecidos de 2ª à 6ª feira, das 08h00 às 18h00.
Pode-se visitar o Casarão no alto do bairro São Félix antigo quartel general do Coronel Horácio de Mattos, lendária figura lençoense que nos anos 20 marchou com jagunços contra a capital baiana. Foi prefeito de Lençóis, deputado e senador. Chegou a sugerir a transferência da capital para Lençóis e, após acordo com o governo, aceitou a missão de expulsar a Coluna Prestes dos sertões baianos. Prédio da Prefeitura.
O palacete do Cel. César Sá, construído em 1860, foi um dos monumentos revitalizados pelo projeto Monumenta e transformado em museu. Cheio de detalhes com influências neoclássicas, foi construído para agradar a esposa de César Sá.
Tudo isso se faz andando sem precisar tomar táxi ou outro tipo de transporte. É tudo pertinho. Cansou, parou no Restaurante da Zilda, com comidas típicas locais, ou no Bode, de Célia.
DICAS:
* Para se ter uma visão um pouco mais do alto da cidade sente-se no Quintal do Araçá, bar e restaurante onde se come uma picanha na chapa.
* Hotéis e pousadas existem vários. Mas, com internet são poucas.
* As estradas entre Salvador e Lençóis (450km) está boa. Pode-se ir pela BR-101 até a entrada do Paraguaçu via Itaberaba; ou pela estrada do Feijão até Ipirá com acesso para Itaberaba por Conceição.
* As pousadas e restaurantes caseiros não aceitam cartões (via de regra).
* Policiamento na cidade é bom.
* Cuidado com alguns malandros e guias falsos na entrada da cidade.